Unidos da Tijuca não leva imagem de santa no desfile5/Mar, 20:30 Por Maria Fernanda Delmas e Sônia Apolinário ATENÇÃO EDITOR: Esta retranca atualiza informações, com novo texto. Rio, 5 (AE) - A imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, centro da polêmica entre a Unidos da Tijuca e a Arquidiocese do Rio, não estará no desfile da escola, a primeira a entrar no Sambódromo amanhã (6). A informação foi dada pelo presidente de horna da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, agora à noite. Mas a cruz, outro alvo de discódria entre a escola e a Igreja, irá para a avenida. "Resolvemos atender o pedido da Arqudiocese", justificou Horta. "Se insistissem em transformar em caso de polícia, aí sim, a santa iria para o Sambódromo", disse. Essa decisão, segundo o presidente, era a definitiva. Isso porque, pela manhã, a disposição da diretoria da escola era de fazer uma modificação na santa para que ela pudesse desfilar em paz. As divergências com a Igreja vêm rendendo uma boa exposição à escola, que passou informações desencontradas sobre o assunto durante todo o final de semana, aumentando o suspense e as especulações. No sábado, por exemplo, próprio Horta, havia garantido que tanto a alegoria da santa quanto a cruz que simboliza a primeira missa no Brasil não seriam levadas para o Sambódromo. Segundo o assessor de imprensa da Unidos da Tijuca, Jean Cláudio ontem de manhã, o presidente da escola, João Paredes, foi à casa do advogado da Arquidiocese, Antônio Passos, para dizer a ele que não serão usadas imagens que "maculem o sagrado". Pela manhã, o assessor afirmiu que haveria uma referência à santa, mas não quis adiantar quais seriam. A cruz, segundo Horta, entrará na Marquês de Sapucaí, "da forma como o carnavalesco idealizou". Isso significa que desfilará com o manto branco, também alvo de polêmica da Igreja que via na indumentária uma alusão ao catolicismo. Pela manhã, a informação da direção da escola é de que o manto seria retirado. "A Arquidiose criou uma polêmica desnecessária", afirmou Horta. "Se qualquer pessoa da nossa paróquia tivesse nos pedido para não usar a santa, teríamos atendido", continuou. "Tanto que bastou que sentássemos para conversar que tudo ficou resolvido". Essa conversa aconteceu, segundo Horta, durante a tarde de hoje, por telefone. Ele não havia participado, no domingo, de uma reunião que tratou do assunto com a Arquidiocese. Foi ele mesmo quem ligou para o advogado Passos, no sábado, para dizer que a Unidos da Tijuca desistiria das duas alegorias. A briga começou na quarta-feira, quando a cruz e a imagem de Nossa Senhora foram apreendidas pela polícia, por determinação do secretário de Segurança Pública do Rio, Josias Quintal. Segundo o delegado da 4ª DP (Praça Mauá) - onde estavam as alegorias- , Carlos Heitor Sanches, Quintal recebeu uma manifestação de indignação do arcebispo do Rio, Dom Eugenio Sales. Na sexta-feira, a Unidos da Tijuca conseguiu uma liminar do 6º. Grupo de Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça para desfilar com as duas peças. No sábado, Passos informou que ele e outros cinco advogados acompanharão os desfiles, inclusive com plantão no Sambódromo, para tentar evitar a exibição de alegorias com referência ao Catolicismo. "Podemos Tomar uma atitude até três horas antes das exibições", afirmou. O enredo da Unidos da Tijuca, "Terra dos Papagaios...Navegar foi preciso", descreve a viagem de Pedro álvares Cabral e a primeira semana dos portugueses no Brasil. Além da cruz, que lembraria a primeira missa, a escola escolheu a imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, imagem que foi presente de Dom Manuel à expedição de Cabral.