A UNE (União Nacional dos Estudantes) defende a criação de um grupo de trabalho com a participação de representantes dos estudantes, professores, secretarias de educação, reitores das universidades e MEC (Ministério da Educação) para sugerir uma nova data para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em razão da pandemia do novo coronavírus.

“O ideal é que seja marcado para o fim do ano letivo, mas é preciso levar em conta o tempo necessário para que os estudantes não sejam prejudicados”, afirma o presidente da UNE, Iago Montalvão.

A entidade já coletou mais de 300 mil assinaturas para pedir o adiamento do Enem marcado para os dias 1º e 8 de novembro. A meta é mobilizar pelo menos 500 mil pessoas. A hashtag 'AdiaEnem' tem movimentado as redes sociais.

Nesta terça-feira (19), o Senado aprovou um projeto de lei para adiar a realização das provas. A proposta não estabelece uma nova data para a aplicação do exame e foi aprovada por 75 votos favoráveis e apenas um contrário, do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O texto seguiu para a Câmara dos Deputados.

“É uma derrota imensa do governo e do Ministério da Educação. Isso demonstra uma insensibilidade tremenda do ministro em relação a esse tema. Você tem grande parte, quase a totalidade da sociedade, dos especialistas e das entidades ligadas à educação pedindo o adiamento há mais de um mês e o MEC sendo muito duro, não se abrindo ao diálogo”, reforçou Montalvão.

Após pressão, o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, sinalizou na manhã desta quarta-feira (20) para a possibilidade de adiar a data das provas. “Diante dos recentes acontecimentos no Congresso e conversando com líderes do centro, sugiro que o Enem seja adiado de 30 a 60 dias. Peço que escutem os mais de 4 milhões de estudantes já inscritos para a escolha da nova data de aplicação do exame”, postou o ministro nas redes sociais.

As inscrições para o Enem terminam nesta sexta-feira (22) e os interessados poderão participar de uma consulta pública que será lançada no final de junho.

No Paraná, a Apiesp (Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público) também se manifestou por meio de uma nota pública pelo adiamento das provas. O documento foi encaminhado ao ministro da Educação e os deputados e senadores do Paraná.

“É muito preocupante, diante desse cenário que nós estamos agora, já ter uma data definida para o Enem, sendo que nem mesmo nós sabemos como vai ser o retorno das atividades. Além do aspecto pedagógico, ter essa data definida é uma situação muito nociva para o psicológico dos alunos. Sabemos que há uma camada muito importante da sociedade que não tem acesso ao ensino, nesse momento, por conta da pandemia. Por isso, entendemos que é necessário reprogramar as datas”, argumenta a presidente da Apiesp, Fátima Aparecida Padoan, também reitora da Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná).