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Um abraço pela paz em Londrina

Grupos se unem no entorno do Lago Igapó em evento que faz parte da Semana Municipal de Cultura de Paz

ATUALIZAÇÃO
22 de setembro de 2019

Viviani Costa - Grupo Folha
AUTOR

Centenas de pessoas participaram do 11º Abraço no Lago realizado na manhã deste domingo (22), em Londrina. Mais de 60 grupos estiveram presentes no evento que integra a Semana Municipal de Cultura de Paz. O ato simbólico lembrou a importância de atitudes não violentas e da prática da empatia, respeito e solidariedade no dia a dia. 

'Abraço no Lago' pede paz para Londrina
 

O secretário do Compaz (Conselho Municipal de Cultura de Paz) e gestor da ONG Londrina Pazeando, Luis Claudio Galhardi, afirmou que a campanha realizada na cidade possui reconhecimento internacional. Londrina deve participar de ações globais como a 2ª Marcha mundial pela paz e não violência. A rota brasileira inclui 12 cidades. 

“O movimento pela cultura de paz completou 19 anos em Londrina e tem surtido efeito. Nas últimas semanas, foram divulgadas matérias sobre a redução de homicídios, por exemplo. É um trabalho a longo prazo. Estamos também no 9º ano da campanha ‘Arma não é brinquedo’, mas não adianta fazer um movimento pela paz e não violência pelos outros. É preciso fazer por você. Seja você a mudança que você quer para o mundo”, citou. 

O Abraço no Lago levou muitas famílias ao cartão postal da cidade. A assistente social e integrante do grupo de capoeira Maculelê, Silvia Helena Soutello, participou acompanhada dos dois filhos e marido. “É importante dar visibilidade para pequenas ações de paz que podem ser realizadas constantemente. No dia a dia, algumas coisas passam despercebidas, como uma discussão na fila do caixa. Temos que transformar e despertar as crianças para essa cultura de paz”, ressaltou. “É preciso ensinar e dar o exemplo”, comentou também a professora aposentada e comerciante Maria Salete Carvalho que chegou com a filha e o neto no começo da manhã. 

A presidente da ONG Nós do Poder Rosa, Erica Cortes, também esteve presente e frisou a necessidade de divulgação de informações e apoio pelo fim da violência contra a mulher. “Nosso trabalho é contribuir para a paz nas famílias. As mulheres estão saindo dos seus esconderijos e formalizando denúncias. Estudos mostram que uma vítima, em geral, passa cerca de dez anos sofrendo violência até se encorajar para denunciar. Precisamos tirá-las desse ciclo”, frisou. 

DE ISRAEL

O abraço envolveu diversos grupos em vários pontos espalhados pelo Lago Igapó 2. Entre os participantes, estava a aposentada Dora Schulman acompanhada da mãe. Nascida em Londrina, Schulman vive em Israel há 42 anos, mas deixa o Oriente Médio com frequência para visitar a família. 

“Cada país tem suas dificuldades. No Brasil se morre por causa de um relógio. Lá se morre por um ideal. Estamos em guerra e temos bombardeios e ataques constantes. Quando há bomba, o sistema aéreo alerta com uma sirene. Nas casas, geralmente, um dos quartos é feito de concreto. Na rua você tem que se abaixar e se deitar no chão. Acho maravilhoso iniciativas como essa pela paz. Afinal, somos todos iguais. Se todo o mundo abrisse o coração e segurasse as mãos de quem está ao lado, seria melhor para todo mundo", avalia. 

CONSCIENTIZAÇÃO 

O engenheiro agrônomo Marco Antônio Castanheira lembrou ainda a necessidade de conscientização e preservação da natureza. O profissional foi um dos fundadores da Appemma (Associação Paranaense de Proteção e Melhoria do Meio Ambiente). “Em 1978, quando foi fundada a associação, o lago era extremamente poluído. Havia poluição das indústrias e da rede de esgoto. Apenas 10% do esgoto era tratado na cidade. Do restante, boa parte era jogada aqui. Depois, esvaziaram o lago por causa do assoreamento. Problema que continua, mas, no geral, já evoluímos muito. As pessoas ainda jogam lixo, mas, aos poucos, vão se conscientizando”, comentou. 

A preservação do meio ambiente é um dos itens do jogo chamado "Trilha da Paz" instalado na academia ao ar livre, nas margens do Lago Igapó 2. Um painel com um tabuleiro e um dado gigante transmitem valores como inclusão social, respeito, diversidade cultural e solidariedade. A iniciativa foi construída em parceria com o projeto internacional Living Peace.

Jogo chamado "Trilha da Paz" transmite valores como inclusão social, respeito, diversidade cultural e solidariedade
 

“O Compaz não é só um conselho de discussão. Temos atividades e ações. Não somos ingênuos em pensar que vamos acabar com a guerra ou a violência no mundo. Temos conflitos diariamente, até mesmo dentro das nossas casas. Mas é necessária a educação para uma cultura de paz. É preciso ter calma. Precisamos ouvir mais uns aos outros”, resumiu a integrante do Compaz, Leozita Baggio Vieira. 

Por volta das 10h, os participantes deram as mãos no entorno do Lago Igapó 2 e pediram a paz para a cidade. Em seguida, iniciaram uma caminhada ao redor do ponto turístico para acompanhar apresentações culturais promovidas pelos grupos engajados na ação.

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