Centenas de pessoas participaram do 11º Abraço no Lago realizado na manhã deste domingo (22), em Londrina. Mais de 60 grupos estiveram presentes no evento que integra a Semana Municipal de Cultura de Paz. O ato simbólico lembrou a importância de atitudes não violentas e da prática da empatia, respeito e solidariedade no dia a dia.

'Abraço no Lago' pede paz para Londrina
'Abraço no Lago' pede paz para Londrina | Foto: Viviani Costa/Grupo Folha

O secretário do Compaz (Conselho Municipal de Cultura de Paz) e gestor da ONG Londrina Pazeando, Luis Claudio Galhardi, afirmou que a campanha realizada na cidade possui reconhecimento internacional. Londrina deve participar de ações globais como a 2ª Marcha mundial pela paz e não violência. A rota brasileira inclui 12 cidades.

“O movimento pela cultura de paz completou 19 anos em Londrina e tem surtido efeito. Nas últimas semanas, foram divulgadas matérias sobre a redução de homicídios, por exemplo. É um trabalho a longo prazo. Estamos também no 9º ano da campanha ‘Arma não é brinquedo’, mas não adianta fazer um movimento pela paz e não violência pelos outros. É preciso fazer por você. Seja você a mudança que você quer para o mundo”, citou.

O Abraço no Lago levou muitas famílias ao cartão postal da cidade. A assistente social e integrante do grupo de capoeira Maculelê, Silvia Helena Soutello, participou acompanhada dos dois filhos e marido. “É importante dar visibilidade para pequenas ações de paz que podem ser realizadas constantemente. No dia a dia, algumas coisas passam despercebidas, como uma discussão na fila do caixa. Temos que transformar e despertar as crianças para essa cultura de paz”, ressaltou. “É preciso ensinar e dar o exemplo”, comentou também a professora aposentada e comerciante Maria Salete Carvalho que chegou com a filha e o neto no começo da manhã.

A presidente da ONG Nós do Poder Rosa, Erica Cortes, também esteve presente e frisou a necessidade de divulgação de informações e apoio pelo fim da violência contra a mulher. “Nosso trabalho é contribuir para a paz nas famílias. As mulheres estão saindo dos seus esconderijos e formalizando denúncias. Estudos mostram que uma vítima, em geral, passa cerca de dez anos sofrendo violência até se encorajar para denunciar. Precisamos tirá-las desse ciclo”, frisou.

DE ISRAEL

O abraço envolveu diversos grupos em vários pontos espalhados pelo Lago Igapó 2. Entre os participantes, estava a aposentada Dora Schulman acompanhada da mãe. Nascida em Londrina, Schulman vive em Israel há 42 anos, mas deixa o Oriente Médio com frequência para visitar a família.

“Cada país tem suas dificuldades. No Brasil se morre por causa de um relógio. Lá se morre por um ideal. Estamos em guerra e temos bombardeios e ataques constantes. Quando há bomba, o sistema aéreo alerta com uma sirene. Nas casas, geralmente, um dos quartos é feito de concreto. Na rua você tem que se abaixar e se deitar no chão. Acho maravilhoso iniciativas como essa pela paz. Afinal, somos todos iguais. Se todo o mundo abrisse o coração e segurasse as mãos de quem está ao lado, seria melhor para todo mundo", avalia.

CONSCIENTIZAÇÃO

O engenheiro agrônomo Marco Antônio Castanheira lembrou ainda a necessidade de conscientização e preservação da natureza. O profissional foi um dos fundadores da Appemma (Associação Paranaense de Proteção e Melhoria do Meio Ambiente). “Em 1978, quando foi fundada a associação, o lago era extremamente poluído. Havia poluição das indústrias e da rede de esgoto. Apenas 10% do esgoto era tratado na cidade. Do restante, boa parte era jogada aqui. Depois, esvaziaram o lago por causa do assoreamento. Problema que continua, mas, no geral, já evoluímos muito. As pessoas ainda jogam lixo, mas, aos poucos, vão se conscientizando”, comentou.

A preservação do meio ambiente é um dos itens do jogo chamado "Trilha da Paz" instalado na academia ao ar livre, nas margens do Lago Igapó 2. Um painel com um tabuleiro e um dado gigante transmitem valores como inclusão social, respeito, diversidade cultural e solidariedade. A iniciativa foi construída em parceria com o projeto internacional Living Peace.

Jogo chamado "Trilha da Paz" transmite valores como inclusão social, respeito, diversidade cultural e solidariedade
Jogo chamado "Trilha da Paz" transmite valores como inclusão social, respeito, diversidade cultural e solidariedade | Foto: Viviani Costa/Grupo Folha

“O Compaz não é só um conselho de discussão. Temos atividades e ações. Não somos ingênuos em pensar que vamos acabar com a guerra ou a violência no mundo. Temos conflitos diariamente, até mesmo dentro das nossas casas. Mas é necessária a educação para uma cultura de paz. É preciso ter calma. Precisamos ouvir mais uns aos outros”, resumiu a integrante do Compaz, Leozita Baggio Vieira.

Por volta das 10h, os participantes deram as mãos no entorno do Lago Igapó 2 e pediram a paz para a cidade. Em seguida, iniciaram uma caminhada ao redor do ponto turístico para acompanhar apresentações culturais promovidas pelos grupos engajados na ação.