A UFPR (Universidade Federal do Paraná) suspendeu 14 alunos na última sexta-feira (29) por participarem de um trote violento em maio. Na ocasião, os veteranos do curso de Engenharia Mecânica obrigaram os calouros a ficarem de joelhos enquanto eles derramavam algum tipo de líquido no corpo dos novatos. A suspensão aplicada foi de 30 a 45 dias e, à FOLHA, a instituição descartou a possibilidade de expulsar os estudantes.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a UFPR disse que os 14 alunos envolvidos no caso cursam Engenharia Mecânica no Centro Politécnico, mas que o trote aconteceu fora do campus da universidade. Sem dar detalhes sobre o dia em que o trote foi realizado, a instituição disse que o fato aconteceu no mês de maio e que tomou conhecimento no dia 26 do mesmo mês, quando começou a investigar internamente o caso.

Nas imagens feitas por um morador das proximidades do local onde o trote aconteceu, é possível ver que os calouros são obrigados a ajoelhar e ficar com as mãos no chão enquanto os veteranos derramam algum tipo de líquido - que não foi identificado - no corpo dos novatos.

Também envolvendo a instituição, em abril de 2022, quatro estudantes de Medicina Veterinária do campus de Palotina da UFPR foram presos - e liberados após pagarem fiança de R$ 10 mil cada - por envolvimento em um trote que deixou 19 calouros com queimaduras por creolina - desinfetante de uso veterinário.

A portaria n°76, publicada no dia 29 de setembro, determinou a suspensão dos 14 alunos, sendo cinco mulheres e nove homens. Sete alunos vão ficar afastados por 30 dias e o restante por 45 dias, dependendo do grau de participação de cada envolvido. A suspensão entrou em vigor na data de publicação da portaria e leva em conta apenas o período efetivo de aulas, desconsiderando férias, cancelamentos de disciplinas ou suspensão do calendário de aulas.

Ainda através da assessoria de imprensa, a instituição descartou a possibilidade de os alunos serem expulsos, sendo que a penalidade escolhida foi a suspensão “após os trâmites processuais, garantindo a integridade das investigações, amplo direito à defesa e ao contraditório”. A UFPR disse que as vítimas do trote foram acolhidos pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, que realiza programas de assistência, apoio e acolhimento estudantil.

A universidade também disse que adota “tolerância zero” com relação a trotes violentos e a todas formas de violência física, verbal ou simbólica e que o estudante ou membro da comunidade que presenciar qualquer ato violento, discriminatório ou constrangedor com relação à recepção dos calouros pode realizar denúncia pelo telefone (41) 98402-1131 ou por meio dos endereços de e-mail [email protected] e [email protected]. A UFPR afirma que tem promovido campanhas e ações para reforçar a importância da ressignificação da cultura de acolhimento dos calouros, com o intuito de inibir atitudes violentas, ofensivas e discriminatórias.