A UFPR (Universidade Federal do Paraná) decidiu buscar uma solução para o problema da falta de recursos e lançou uma campanha de financiamento para custear a fase clínica de um imunizante contra o vírus Sars-CoV-2 e outras doenças que está em fase de desenvolvimento na instituição. Por meio de uma plataforma on-line, doadores poderão acompanhar a evolução dos estudos e a aplicação do recursos. Conforme adiantou a reitoria da instituição em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (2), a previsão mais "conservadora" é de que a fase em humanos, que deverá contar com até 30 mil voluntários, custe o equivalente a R$ 50 milhões. Na ocasião, o preço de cada dose também foi apontado - entre R$ 5 e R$ 10.

Imagem ilustrativa da imagem UFPR inicia campanha de financiamento de vacina própria contra a Covid-19
| Foto: Marcos Solivam/SucomUFPR

De acordo com a reitoria da UFPR, os recursos serão geridos pela Funpar (Fundação da Universidade Federal do Paraná) e alocados em uma conta corrente específica. Segundo o professor Emanuel Maltempi de Souza, um dos responsáveis pela pesquisa, o valor previsto para a arrecadação pode chegar a R$ 76 milhões, "pois envolve despesas administrativas e uma estrutura que permitirá o desenvolvimento de diversos insumos farmacêuticos injetáveis em escala de pesquisa e pré-piloto", explicou. Ele também definiu que a aplicação destes recursos servirá para o "legado" da universidade no desenvolvimento científico.

Doações poderão ser realizadas por pessoas físicas e jurídicas por meio de uma simples transferência bancária para a conta da campanha ou com a chave Pix. Além de aportar recursos próprios, a universidade recebeu um repasse via Rede Vírus, do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), e possui R$ 1,25 milhão para o projeto, que ainda está na fase pré-clínica.

"Vacina custa caro, a ciência custa caro. Não existe uma universidade no planeta que esteja isoladamente e autonomamente produzindo uma vacina", lembrou o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca.

A estratégia da universidade foi não esperar o final da fase pré-clínica para "passar o chapéu", o que poderia empurrar o surgimento da vacina para o final de 2024. "A ideia é tentarmos abreviar este atraso entre o final da fase pré-clínica e começo das fases clínicas", disse.

A instituição também possui uma parceria com o estado do Paraná por meio do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná) e da Fundação Araucária. Conforme ressaltou o superintendente da Funpar, João da Silva Dias, toda a documentação do projeto será disponibilizada no Portal da Transparência da fundação. As doações ao Programa de Desenvolvimento de Imunizantes da UFPR poderão ser realizadas com base nas informações que serão publicadas em vacina.ufpr.br.

Considerada eficiente e econômica, a vacina da UFPR também poderá ser transportada em pó, o que deverá facilitar a logística de transporte e armazenamento, além de facilitar o processo de aplicação, avaliou a universidade.

PESQUISAS

O desenvolvimento da vacina paranaense ocorrerá em um cenário epidemiológico diferente em comparação com o que foi encontrado pela indústria farmacêutica no ano passado, quando a totalidade da população mundial ainda não havia sido imunizada e estava mais "suscetível à vacina", definiu Maltempi. "Nós vamos ter uma situação em que já existem vacinas disponíveis e vamos ter que comparar a nova vacina com as que já estão no mercado. Será uma fase 3 comparativa. Precisamos achar regiões onde o vírus esteja circulando. Quanto mais o vírus circular, melhor é para o estágio de testagem. Por outro lado, pior é para a população e esperamos que isso não esteja acontecendo em larga escala no Brasil no ano que vem", explicou.

Questionado, avaliou que será possível produzir o imunizante em larga escala com insumos nacionais. "É sim uma vacina que pode ser produzida com todos os insumos que temos no Brasil", garantiu, em alusão à grande oferta no Brasil de um polímero utilizado na indústria farmacêutica.

O objetivo dos pesquisadores é dar início à fase de testes em animais ainda neste semestre. Somente em seguida, a universidade poderá protocolar um pedido na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o início das fases clínicas.

Na primeira etapa da fase em humanos, dezenas de voluntários recebem o imunizante e passam a ser observados quanto às respostas imunológicas. "A capacidade da vacina de estimular o sistema imune é analisada in vitro e também é analisado qualquer efeito adverso", explicou o professor. A previsão é de que a vacina seja testada apenas em adultos, entre 18 e 60 anos e gestantes não serão incluídas na fase inicial dos testes em humanos.

Enquanto na segunda fase a mesma metodologia é expandida para centenas de voluntários, a fase 3 dos ensaios clínicos precisará contar com um grupo que poderá ter entre 20 mil e 30 mil pessoas. É nesta fase que, separados em dois grupos, uma parcela recebe a vacina e a outra o placebo.

"Na fase clínica 3, o que é testado é a capacidade da vacina proteger os voluntários nas situações mais naturais possíveis. Depois de um período, são identificadas essas pessoas que ficaram doentes, todo o padrão de segurança é analisado e é só neste momento que o pesquisador sabe qual foi o voluntário que recebeu a vacina. É o que chamamos de ensaio aleatório duplo-cego", explicou.

O professor avaliou que ainda é cedo para se falar em testes em crianças. No entanto, lembrou que testes feitos pela Pfizer têm apresentado boa resposta imunológica neste grupo. A Pfizer já concluiu os testes em jovens acima de 12 anos, em grávidas e o que estamos vendo é que os testes de segurança das pessoas menos vulneráveis estão se reproduzindo nestes grupos também", afirmou.

Campanha “Vacina UFPR” Doações de qualquer valor para:

Banco Itaú (341)

Agência: 4012

Conta Corrente: 43701-0

CNPJ Funpar – 78.350.188.0001-95

Chave PIX - [email protected]

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.