A chapa "UEL Vivacidade", composta pelo candidato a reitor Nilson Magagnin Filho (CTU) e pela candidata a vice-reitora, Laura Brandini (CLCH), destaca que a LGU (Lei Geral das Universidades) promoverá danos enormes às universidades paranaenses. Embora os candidatos da chapa admitam ser muito difícil conseguir revogá-la, eles defendem realizar uma campanha de esclarecimento da comunidade universitária sobre esses danos e também a comunidade de Londrina e região sobre como enfrentar a sua implementação ”, ressaltou Magagnin.

“Não é só a UEL que perde com ela, perde a cidade e a região sentirá os seus impactos também. Teremos que fazer pleitos junto ao Governo do Estado e junto à Alep (Assembleia Legislativa do Paraná). Isso exigirá uma articulação política muito forte junto às outras universidades e junto aos sindicatos que representam as categorias universitárias”, ressaltou o candidato a reitor, que reforçou ter um trânsito bom nesse meio, já que foi dirigente sindical e o que mais fez como tal foi negociar.

Laura Brandini reforça que alguns artigos nessa lei atacam princípios da universidade. “Um dos artigos prevê até o fechamento de cursos.” Se houver um certo quantitativo de alunos, a lei estabelece uma tabela de resultados e de desempenho. “Se não se atingir essa meta, o curso é fechado. A educação não é uma questão de produtividade. A universidade trabalha com conhecimento de base, não é só com produto imediato. Fazemos muita pesquisa de base que não tem um resultado imediato”, expôs Brandini.

A entrevista com os representantes da "UEL Vivacidade" encerra a série publicada nesta semana pela Folha de Londrina com os candidatos à reitoria das quatro chapas concorrentes. A eleição acontece em primeiro turno no próximo dia 12.

CONCURSO PÚBLICO

Magagnin aponta que muitos órgãos estão com problemas estruturais nas edificações e também há questões graves com relação ao quadro funcional deficitário. “Há falta de concurso público. Há professores que se aposentaram e que não foram repostos e outros estão sendo contratados em um regime de trabalho chamado Cres (Contratações pelo Regime Especial), o contrato de trabalho temporário. Eles têm contratos curtos e são mais de 500 hoje, e isso impacta na qualidade do ensino e no envolvimento dos professores com a universidade. Eles não podem ter a dedicação exclusiva”, apontou.

Laura Brandini e Nilson Magagnin Filho:  “Gostaríamos que os estudantes votassem em massa, da graduação e pós-graduação e também, claro, docentes e os agentes universitários"
Laura Brandini e Nilson Magagnin Filho: “Gostaríamos que os estudantes votassem em massa, da graduação e pós-graduação e também, claro, docentes e os agentes universitários" | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

“Os temporários não podem participar de projetos, não podem ter a dedicação exclusiva e não estão autorizados a se envolver com questões que vão para além do ensino de graduação, como projetos de ensino e pesquisa e de extensão”, destacou Magagnin.

“E no que se refere aos agentes universitários, houve um pedido recente da universidade para a contratação de 887 servidores, sendo que 382 para o campus e 505 para o HU (Hospital Universitário). A própria lei recém-aprovada vai restringir a reposição desses quadros funcionais, inclusive, algumas diversas carreiras foram extintas. Quando esses servidores se aposentarem, não serão repostos por concurso.”

Brandini observou que em órgãos suplementares e órgãos de apoio da UEL, onde há necessidade de um número maior de técnicos, são justamente onde a falta deles é mais visível. “Há setores que possuem menos da metade do que tinham há oito ou dez anos. Isso ocorre no HU, no HV (Hospital Veterinário) e nos museus. Na aposentadoria de docentes, eles são repostos pelos professores temporários, mas para as aposentadorias dos técnicos, dos agentes universitários, nós não temos nenhuma forma de reposição, então é um problema que fica mais pronunciado”, enalteceu.

ORÇAMENTO DAS UNIVERSIDADES

Para viabilizar mais recursos para a instituição, Magagnin defende que um dos caminhos é conseguir junto ao governo do estado que o orçamento do ensino superior público seja significativamente aumentado. “O estado do Paraná tem um conjunto de universidades que realizam boa parte das políticas públicas do estado e o governo tem que compreender isso. Não vamos desprezar a possibilidade de conseguir emendas com os parlamentares para projetos específicos. Também vamos trabalhar junto aos órgãos de fomento e precisamos ter facilitadores na universidade para concorrer a esses editais que nos dão condições de montar laboratórios, de comprar equipamentos. Temos pesquisadores capazes de apresentar projetos para isso”, destacou.

Brandini também apontou para as parcerias público- privadas. “Elas acontecem de modo bastante fragmentado e a maior parte dessas parcerias é fruto de iniciativa de professores pesquisadores, cujos trabalhos exigem um financiamento muito elevado e eles procuram as empresas." Ela observa que isso acontece de forma difusa. "A gente até teve iniciativas na UEL de criar uma ‘vitrine’ em que os pesquisadores que trabalham sobretudo na área de inovação tecnológica apresentavam seus trabalhos para as empresas, mas foi uma iniciativa tímida. É preciso uma política da universidade que fomente isso em bloco”, reforçou a professora, sugerindo parcerias com entidades como o Sebrae, associações de produtores, Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e entidades de classe.

Magagnin e Brandini entendem que a questão da inovação tecnológica deve caminhar paralelamente com a inovação que tenha um olhar para o social e atinja os mais desfavorecidos da sociedade. “A Intuel (Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL) faz um trabalho incrível como incubadora, mas é preciso trabalhar com incubadoras em populações mais carentes financeiramente. Que a gente possa trazer também essas pessoas para essas ações de inovação, para ter um impacto social. A própria Aintec (Agência de Inovação Tecnológica da Universidade Estadual de Londrina), pode estimular esse tipo de inovação social junto a escolas públicas, com impacto direto sobre essas pessoas”, propôs.

DIVISOR DE ÁGUAS

Magagnin afirma que a eleição é um divisor de águas para a cidade e a universidade precisa se colocar de pé e altiva para fazer o convencimento junto à toda a comunidade de sua importância e para isso precisa ter uma reitoria à altura desse processo, com a articulação política que conheça a história, que saiba como a UEL foi formada e como se consolidou pela luta e pela afirmação da sua autonomia e pela sua construção democrática.

Brandini também convocou a comunidade universitária a votar, sobretudo os estudantes, que possuem baixo índice de participação em eleições. “Gostaríamos que os estudantes votassem em massa, da graduação e pós-graduação e também, claro, docentes e os agentes universitários. Esse é o primeiro passo para que a comunidade universitária se engaje mais junto à própria universidade.”

Ouça podcast com a entrevista dos candidatos da chapa "UEL Vivacidade"

Veja as entrevistas das outras chapas que concorrem à reitoria da UEL:

- Chapa `UEL de volta para casa´ diz defender a diversidade de ideias

- Chapa 2 defende recomposição de quadro de servidores da UEL

- `Mais UEL´ busca representação e legitimidade fortalecidas

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