Imagem ilustrativa da imagem UEL rejeita matrícula de cotista sem certificado de Ensino Fundamental
| Foto: Luís Fernando Wiltemburg

Estudante de escola pública por toda a vida e aprovado no Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens e Adultos), o eletricista Rafael Bruno Ferreira de Souza, de 23 anos, foi aprovado no vestibular para Psicologia na UEL (Universidade Estadual de Londrina), mas teve a matrícula indeferida porque não tem o comprovante de conclusão do Ensino Fundamental.

Souza concorreu no certame para uma vaga de cotista oriundo do ensino público. Entretanto, por não ter concluído a oitava série e, portanto, o certificado de conclusão de curso, a universidade recusou sua matrícula, mesmo diante da apresentação do histórico escolar com as notas até a sétima série e o certificado do Encceja.

A pró-reitora de Graduação da UEL, Marta Favaro, afirma que os documentos exigidos para inscrições de cotistas estão documentadas no manual do candidato e que, no caso de a pessoa ter apenas o certificado do Ensino Médio diante do exame nacional de competência, o vestibulando precisa optar por concorrer a uma vaga universal.

O eletricista conta que largou a escola na sétima série após ser efetivado em seu primeiro emprego formal, em uma estamparia. Cursou o Ensino Fundamental nas escolas Ubedulha Correa Oliveira e Lauro Gomes da Veiga Pessoa, ambas na Zona Norte. “Quando fui efetivado, transferi os estudos para a noite, mas, como chegava muito cansado, deixei a escola. Fiquei uns anos parado, até que, em 2017, eu fiz o Encceja e passei”, conta.

Para maiores de 18 anos, o exame de certificação garante que o adulto tem conhecimentos equivalentes ao conteúdo do Ensino Médio, o que, automaticamente, considera também o conteúdo do Ensino Fundamental.

O eletricista conta que largou a escola na sétima série após ser efetivado em seu primeiro emprego formal, em uma estamparia. Cursou o Ensino Fundamental nas escolas Ubedulha Correa Oliveira e Lauro Gomes da Veiga Pessoa, ambas na Zona Norte. “Quando fui efetivado, transferi os estudos para a noite, mas, como chegava muito cansado, deixei a escola. Fiquei uns anos parado, até que, em 2017, eu fiz o Encceja e passei”, conta.

Interessou-se pela Psicologia ao conviver com profissionais da área na instituição que atende seu irmão que tem síndrome de Down. Também teve contato com psicólogo no curso preparatório para o Encceja e pesquisou sobre a profissão antes de prestar o vestibular. Mora com o pai, a mãe e irmãos. “Somos nove em casa”, conta o rapaz, que seria o primeiro a obter um diploma de curso superior.

Souza concorreu no Encceja em 2016. No último vestibular da UEL, concorreu a uma vaga pela cota de negros vindos de escola pública - a UEL reserva 20% das vagas dos cursos para esta modalidade de cota, outras 20% das vagas para alunos vindos de escola pública, independente da cor da pele, e 5% para negros, independente do percurso escolar. “Eu fui aprovado na cota racial. Mas, quando fui fazer a matrícula, levei os documentos e foi indeferido, porque não tenho a conclusão da oitava série”, diz.

CERTIFICADOS SÃO IMPRESCINDÍVEIS PARA COTISTAS

A pró-reitora de Graduação da UEL explica que o ingresso pelas cotas para ensino público exige a comprovação da conclusão dos quatro últimos anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio completo na rede pública. “É uma valorização do percurso formativo da pessoa”, justifica.

Marta Favaro reforça que o Encceja é aceito como comprovação de conclusão do Ensino Médio, condição para que o vestibulando aprovado faça sua matrícula, mas, sem o comprovante de conclusão do Ensino Fundamental, o concorrente deve optar pelo certame referente às vagas universais.

Souza está sendo auxiliado juridicamente por um curso preparatório para o Encceja de Londrina para tentar reverter a situação. Se conseguir efetivar a matrícula, o eletricista vai precisar deixar o emprego, uma vez que o curso é integral. Mas, se der certo, já tem planos. "Eu iria trabalhar 'como iFood' (entrega de alimentos) ou tentaria uma vaga de telemarketing no turno da noite", conta.