Num momento em que aumentam as confirmações de casos e de mortes provocadas pelo novo coronavírus pelo Paraná, com testes centralizados no Lacen (Laboratório Central do Estado do Paraná), a UEL (Universidade Estadual de Londrina) põe à disposição seus laboratórios, o que aceleraria o processo e aumentaria o número de verificações, enquanto a sociedade civil organizada se mobiliza para ajudar a instituição para que aja em prol da contenção da pandemia.

Imagem ilustrativa da imagem UEL põe laboratórios à disposição para fazer 200 testes diários do coronavírus
| Foto: Gustavo Carneiro/21-10-2018

Nesta segunda-feira (30), a instituição de ensino superior londrinense informou que negociava com as secretarias municipal e estadual de Saúde para que os exames laboratoriais fossem feitos pelo HU (Hospital Universitário).

O reitor da UEL, Sérgio Carvalho, afirmou que o levantamento veio a público após vazamento de conversas de pesquisadores que mapearam os laboratórios de instituições estaduais equipados para executar a testagem. De acordo com ele, o levantamento indica que poderiam chegar a mil testes por dia. “Talvez, devido ao vazamento, a sociedade civil organizada nos procurou para conversar sobre como poderiam ajudar.”

Da parte da UEL, segundo Carvalho, a capacidade chegaria a 200 testes por dia. “Entrei em contato com o Wander Breganó (enfermeiro-chefe do Laboratório de Análises Clínicas do HU) e ele me disse que, se articularmos a rede de laboratórios públicos, poderíamos elevar isso facilmente”, afirma.

A primeira leva precisaria de mil kits e sairia ao custo de aproximadamente R$ 76 mil. O problema, entretanto, é a centralização da aquisição dos kits pelo Ministério da Saúde, que os repassa para os Estados. "Nós [universidades] temos os melhores laboratórios e profissionais altamente especializados para executar os trabalhos, mas somos subordinados ao poder público. Vale ressaltar que as autoridades de saúde pública são a Secretaria Municipal de Saúde, a Secretaria Estadual de Saúde e o próprio Ministério da Saúde, e nós nos submetemos às diretrizes deles. Por isso, a UEL não temos os kits, assim como nenhuma outra universidade estadual tem", explica Carvalho.

SOCIEDADE PROPÕE AJUDA

Foi diante desta realidade que 12 entidades representativas de segmentos econômicos de Londrina encaminharam para a UEL um ofício no qual questionam quais os reagentes necessários para os exames, se a instituição tem os produtos necessário e, se não tiver, como podem contribuir para a solução do problema.

“A realização do diagnóstico do Covid-19 pela UEL seria muito importante para agilizar os procedimentos médicos, atualizar os dados da doença e, principalmente, salvar vidas. A universidade nos respondeu prontamente e estamos, agora, estudando como vamos atender as necessidades o mais rápido possível. Neste momento de crise, é importante que os setores privados e públicos trabalhem unidos em benefício de toda a comunidade londrinense”, afirma Fernando Moraes, presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), uma das entidades que subscreve o ofício.

A reportagem questionou à Secretaria Estadual da Saúde se pretende ampliar para laboratórios do interior a execução dos testes de coronavírus e, em caso positivo, se a proposta incluiria a UEL, mas, até a publicação, não obteve retorno.

TESTE LIGADO À BIOLOGIA MOLECULAR

Professor e pesquisador do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas da UEL há 35 anos, o vice-reitor Décio Sabbatini diz que o Laboratório de Biologia Molecular, integrado ao HU, pode ser utilizado com toda a segurança e facilidade de logística para os exames do Covid-19.

Este laboratório poderia ter a atuação amplificada com equipamentos que viriam de outros locais, centralizando os exames no próprio hospital. "Por isso que é fundamental descentralizar os testes. Para termos agilidade suficiente porque enquanto se espera o resultado este leito não pode ser liberado para outro paciente.”

Ainda de acordo com o vice-reitor, o teste em questão está relacionado à biologia molecular. O reagente serve para a extração do material genético (RNA). A partir disso, é utilizada a técnica de ampliação (LPPCR), ou seja, cópias desta amostra são criadas para se obter um diagnóstico exato em tempo real. Com o reagente em mãos, a equipe poderia realizar os testes imediatamente, prestando um serviço importante para desafogar as unidades referenciadas de toda a região. (Ascom/UEL)