Neste domingo (20) o Governo do Paraná divulgou que a UEL (Universidade Estadual de Londrina) é a universidade estadual do Paraná que possui mais grupos de pesquisa científica e tecnológica – são 322 grupos de estudos e 1.009 linhas de pesquisa certificados.

Há 905 professores doutores envolvidos em projetos de pesquisa, o que corresponde a quase 90% do número total de docentes com doutorado. No entanto, a falta de contratação de professores residentes pode comprometer futuramente as pesquisas desenvolvidas pela universidade.

Eduardo José de Almeida Araujo: 
“O fato da gente não ter substituição das vagas dos aposentados coloca em risco essas pesquisas sim"
Eduardo José de Almeida Araujo: “O fato da gente não ter substituição das vagas dos aposentados coloca em risco essas pesquisas sim" | Foto: Arquivo pessoal

De acordo com professor Eduardo José de Almeida Araujo, diretor de pesquisa da PROPPG (Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação) da Universidade Estadual de Londrina, a UEL possui uma estrutura que foi consolidada nos últimos anos, e esses grupos de pesquisa científica e tecnológica é um número que tem se mantido pelo menos nos últimos seis anos.

“A UEL tem uma força de pesquisa consolidada e estável, apesar das aposentadorias e não reposição na mesma proporção”, avalia. Diante da diminuição de concursos públicos para docentes residentes e a admissão cada vez maior de professores temporários, ele admite que a continuidade das linhas de pesquisas podem ser comprometidas em razão da descontinuidade do trabalho.

“O fato da gente não ter substituição das vagas dos aposentados coloca em risco essas pesquisas sim. A gente ainda não sentiu isso até nesse momento, embora tenha tido as aposentadorias e as não reposições, porque vários desses docentes que já estão aposentados continuam pesquisando, atuando na orientação de mestrado e doutorado. Eles continuam vinculados à universidade por intermédio de um programa que nós chamamos de programa ‘Professor Sênior’ em que ele voluntariamente continua fazendo pesquisa na universidade”, destacou Araujo.

“A partir do momento que esses professores seniores não puderem ou não quiserem mais continuar fazendo essas ações, nós vamos sentir o impacto disso mais fortemente, caso a gente realmente não tenha a substituição dos aposentados”, alertou o diretor.

Mesmo com esse desafio, ele comemora a manutenção do número dos grupos de pesquisa na instituição nos últimos anos: “É uma conquista diante dos desafios que a gente tem tido nos últimos anos. Manter esse número já é uma sensação realmente muito boa. É um sinal de que a gente tem conseguido manter o nosso potencial de pesquisa da universidade”.

HUMANAS EM DESTAQUE

O diretor explicou que os dados são fiéis porque eles são registrados em uma plataforma do governo federal que se chama Lattes. “É algo que todas as instituições de ensino superior precisam fazer. Todas registram os seus grupos de pesquisa nessa plataforma. Além do pesquisador ter que registrar o seu grupo de pesquisa, cabe a cada instituição certificar de que esse grupo de pesquisa é válido. Temos tido um número de pesquisas realmente considerável e isso traz para a universidade mais bolsas de estudos, principalmente para os estudantes da graduação e da pós graduação. Esse número de grupos de pesquisa mostra o potencial que a universidade tem de produção de conhecimento e de tecnologias”, afirmou Araujo.

Quanto às áreas do conhecimento, os grupos de pesquisa estão assim distribuídos: Ciências Agrárias (28), Biológicas (42), Saúde (52), Exatas e da Terra (33), Humanas (85), Sociais Aplicadas (42), Engenharias (13) e Linguística, Letras e Artes (27).

“Na área de Humanas, que é a que mais tem gerado grupos de pesquisa, a educação e a sociologia são as duas áreas que mais têm se destacado, porque possuem um grupo maior de pessoas envolvidas com ações de investigação e com projetos de pesquisa”, destacou o diretor da PROPPG.

Ele explicou que a quantidade de bolsas de estudo não é o único critério para definir a distribuição de bolsas. “A gente leva em conta outras coisas como, por exemplo, o número de professores que orientam em programas de mestrado e doutorado na universidade”, comentou.

“A maior parte da pesquisa que a gente faz na universidade é muito atrelada à pós-graduação para o mestrado e para o doutorado, então as pessoas envolvidas nesses programas possuem um maior potencial de desenvolver pesquisas”, argumentou.

PESQUISA E PANDEMIA

Questionado se a pandemia gerou um aumento dos trabalhos na área de saúde e de biologia vinculados ao tema, Araujo afirmou que não. “Essa produção de conhecimento não tem relação com a pandemia diretamente, mas o que eu posso dizer é que uma das vocações que a UEL tem é de pesquisa na área da saúde. O fato da gente já ter essa infraestrutura e os pesquisadores nos favoreceu no sentido da gente desenvolver rapidamente projetos que fossem relacionados”, destacou .

“Se a gente não tivesse esse potencial que a gente já vem construindo ao longo dos anos na área de saúde e na área biológica de saúde possivelmente a gente demoraria muito mais a contribuir com soluções para os problemas ou a gente ficaria à margem desse processo. A gente assumiu um papel de destaque nessa área de pesquisas relacionadas à Covid”, enalteceu o diretor da PROPPG.

Os Grupos de Pesquisa Científica e Tecnológica podem ser um indicador do potencial de pesquisa, assim como são critério para muitos editais de instituições com o CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Fundação Araucária para outorgar bolsas voltadas à formação de recursos humanos para pesquisa, incluindo iniciação científica, mestrado e doutorado.

O professor explicou que tais GPs, ou grupos de pesquisa, servem para nuclearizar os grupos de pesquisadores numa dada temática, intra ou interinstitucionalmente.

FORMALIZAÇÃO

O CNPq, ao criar a Plataforma Lattes, concebeu o registro através do DGP (Diretório dos grupos de pesquisa). Nele são encontradas informações sobre os recursos humanos constituintes dos grupos (pesquisadores, estudantes e técnicos), linhas de pesquisa em andamento e especialidades do conhecimento, entre outras.

Eduardo Araujo explica que para criar um GP é preciso constar uma série de informações, como o nome do Grupo, com um tema circunscrito para mostrar sua especialidade; área do conhecimento; nome do líder e do segundo líder (se houver), sempre cadastrados no Lattes; repercussão (contribuição); linhas de pesquisa; relação de pesquisadores participantes seniores ou juniores, ou seja, já formados (docentes) ou não (estudantes); e relação de técnicos de apoio, caso haja.

Podem ser incluídos pesquisadores de fora da instituição e até do país, mas todos devem estar cadastrados no Lattes.

CERTIFICAÇÃO

Um passo importante, segundo o professor, é a certificação do Grupo, feita, no caso da UEL, pela PROPPG. Sem a certificação o CNPq não registra o GP. Certificado, o Grupo recebe um selo, e um segundo selo é concedido pela atualização, que deve ser feita a cada 12 meses. Se em 24 meses não ocorre nenhuma atualização, o CNPq cancela o registro.

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