Madri, 27 (AE-AP) - A Corte Nacional espanhola começou hoje (27) a investigar acusações de genocídio, terrorismo e torturas supostamente cometidos na Guatemala durante o regime militar, entre 1962 e 1996.
As acusações contra ex-presidentes e outros militares guatemaltecos de alta patente apresentadas por Rigoberta Menchú, Prêmio Nobel da Paz, têm o apoio de várias organizaç•es de direitos humanos. Impressionada com a repercussão internacional do processo aberto pelo juiz espanhol Baltazar Garzón contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, Menchú decidiu também apresentar seu pedido à Justiça espanhola em dezembro passado.
A Prêmio Nobel guatemalteca baseia sua denúncia no relatório da Comissão para Esclarecimento Histórico (CEH), criada no âmbito dos Acordos de Paz de Oslo de 1994, e que estima em 200 mil o número de vítimas no conflito armado em seu país. O juiz espanhol Guillermo Ruiz Polanco, que acolheu o processo, é titular de um juizado de instrução da Corte Nacional em Madri, onde o juiz Baltazar Garzón investiga crimes contra os direitos humanos cometidos pelas ditaduras argentina e chilena.
Entre as queixas apresentadas por Rigoberta Menchú, ela destaca o caso do assalto à embaixada espanhola em 1980, em que morreram pelo menos 37 pessoas, entre as quais vários espanhóis e o pai de Menchú.
Entre os acusados no processo, estão os ex-presidentes Efraín Ríos Montt (atual presidente do Senado), Romeo Lucas García e Humberto Mejía Victores, além de representantes do alto comando militar e da Polícia Nacional.