O Jardim Ângela, o bairro mais violento da cidade de São Paulo, é um dos vértices do chamado Triângulo das Bermudas (ou Triângulo da Morte). Os outros são os vizinhos Capão Redondo e Parque Santo Antônio. A violência na região já provocou este ano - de janeiro a junho - o assassinato de 300 pessoas. A ação dos traficantes e as brigas nos bares são as razões apontadas pela polícia como responsáveis pelos homicídios.
O tráfico que tomou conta das favelas recruta menores para o trabalho de olheiros dos pontos de vendas, para a entrega das drogas e para a cobrança. O delegado Sidnei Alvarenga Rosa, do Capão Redondo, explicou que os traficantes são vingativos. ‘‘Quem não paga para o traficante acaba morto’’, explicou.
A falta de opções de lazer e a miséria são aspectos que favorecem o aumento da violência, explica o titular da Seccional de Santo Amaro, Domingos Paulo Neto. Capão Redondo tem 297 mil habitantes e o Parque Santo Antônio, 324 mil. Os dois são considerados ‘‘bairros dormitórios’’ e têm grande número de desempregados. A situação dos dois bairros é bastante semelhante à do Jardim Ângela.
O delegado Valter Basoli, há quatro anos na chefia do 92º Distrito Policial, no Parque Santo Antônio, explicou que o uso de crack predomina. A maioria dos dependentes tem menos de 16 anos e o assassinato, o furto e o roubo estão ligados ao tráfico de drogas.
No Parque Santo Antônio existem 464 favelas. ‘‘Os traficantes estão mandando nas favelas e para tirar os meninos das ruas e das mãos dos vendedores de drogas seria necessário que houvesse a divisão de responsabilidade’’, sugeriu Basoli. Para ele, o envolvimento dos menores com o crime - tráfico e roubo - é cada vez maior. Ele responsabiliza também os pais. ‘‘Ninguém cuida dos filhos, pois meninos e meninas estão abandonados, dormem nas ruas, roubam, matam e eles não se importam’’.