O dia 25 de agosto marca o dia do feirante, classe que compreende verdadeiros heróis da vida urbana brasileira. A atividade de feirante não é fácil e exige bastante dedicação, principalmente porque seus pontos de vendas são móveis e precisam ser montados e desmontados diariamente, faça chuva ou sol, calor ou frio. Nas feiras livres é possível encontrar uma gama de produtos alimentícios bastante diversificada e sempre muito frescos. Mais do que simplesmente vender produtos, os feirantes representam uma classe que torna o contato entre comerciantes e clientes uma arte, algo que vem se perdendo em estabelecimentos modernos.

Feirantes representam uma classe que torna o contato entre comerciantes e clientes uma arte
Feirantes representam uma classe que torna o contato entre comerciantes e clientes uma arte | Foto: Gustavo Carneiro

Londrina conta com 28 feiras livres diurnas, seis feiras "da lua" (noturnas), uma feira do “feito a mão” (voltada ao artesanato) e uma feira do produtor distribuídas nos sete dias da semana. Embora ainda existam muitos feirantes que ainda hoje continuam sendo produtores rurais, com o tempo a atividade passou a ser exercida majoritariamente por pessoas que compram os artigos das Ceasa (Centrais de Abastecimento do Paraná) ou diretamente dos produtores rurais. Talvez um dos poucos feirantes que produzem e vendem seus próprios produtos seja o apicultor Dirceu Maciel Andrade, 78, que tem 49 anos de feira. “Comecei na praça Sete de Setembro e depois na Pio XII, sempre comercializando mel. O meu ramo eu não troco por nada”, destaca.

A reportagem da FOLHA acompanhou a montagem de uma banca de frutas no domingo (18). Seus proprietários demoraram duas horas para descarregar a estrutura da tenda e da banca, as caixas de frutas e organizar a exposição dos produtos, demonstrando o cuidado que têm para oferecer os produtos da melhor forma possível. Quem imagina que o perfil de quem trabalha na feira é composto por pessoas mais experientes pode se surpreender com a quantidade de jovens que vêm aderindo à atividade. Uma dessas pessoas com quem a reportagem conversou é Peterson Yukio Sunahara, 23, que trabalha na feira há apenas dez meses. “Durante a semana eu trabalho na elaboração de projetos elétricos, em escritório, e só trabalho na feira aos domingos, para ter uma renda extra”, destaca.

Montagem das barracas começa por volta das 4 horas da madrugada
Montagem das barracas começa por volta das 4 horas da madrugada | Foto: Gustavo Carneiro

Sunahara explica que a montagem começa às 4 horas da madrugada. Um amigo dele é quem faz as compras no dia anterior e ele só trabalha no comércio. “O segredo para manter a qualidade dos produtos é a negociação com os fornecedores. Se começa a decair a qualidade, a gente procura outro fornecedor, porque o importante é sempre manter a qualidade para o cliente”, destaca.

Segundo ele, ser feirante é manter o contato com as pessoas. “Quando vendo um bom produto sinto satisfação. Tem um número grande de clientes que vem só para comprar da gente”, declara. “É um trabalho bem movimentado, diferente do meu trabalho durante a semana, que é ficar sentado na frente do computador”, compara.

Primeiras bancas a serem montadas são as de pastel, que atendem um público que frequenta os bares e danceterias da cidade
Primeiras bancas a serem montadas são as de pastel, que atendem um público que frequenta os bares e danceterias da cidade | Foto: Gustavo Carneiro

As primeiras bancas a serem montadas são sempre as de pastel, que atendem um público que frequenta os bares e danceterias da cidade. Sempre depois de tocar durante a noite, o músico Rafael de Freitas Bueno, 33, passa na feira para "comer um pastelzinho". “No fim da noite todo mundo vem comer um pastel aqui”, diz. Amiga dele, a advogada Vanessa Hidalgo Pessegato, 31, também é adepta do pastel do fim de noite, mas gosta também da qualidade das frutas. “Às vezes venho de manhã, porque gosto do clima e do ambiente da feira”, ressalta.

Quem conduz uma dessas barraca de pastel é Jaqueline Batista Leite, 30. “Começamos a montagem da barraca às 3 horas da manhã para que às 4 horas a banca já esteja pronta. A gente está nesse ramo há dois anos e meio”, conta. Indagada sobre qual é o horário de produção dos pastéis, ela conta que há uma linha de produção com outra equipe dedicada a isso, que também atende encomenda de festas. Sobre o volume de vendas, desconversa e assegura que ninguém na feira responderia essa pergunta.

Outra jovem entrevistada pela reportagem foi Eliane Vieira Pires, 27, que desde os dois anos acompanha os pais no trabalho, com a venda de produtos naturais. “Ser feirante é enfrentar desafios todos os dias. Não é só atender e levar produtos para as pessoas. Você tem que ter um bom atendimento”, destaca. “O contato com os clientes é bacana. Alguns são até calorosos e dão presentes para a gente. Outros dão pedrada ou reclamam do barulho, mas a gente tenta atendê-los ainda melhor.”

Pires ressalta que a comunicação de quem trabalha na feira precisa ser boa. “Aqui em Londrina não podemos gritar como nas feiras de São Paulo. Para conquistar o cliente é na base do carisma, dando 'bom dia' ou dizendo 'Deus o acompanhe'. Isso ajuda muito a atrair o cliente”, garante. Ela explica que o feirante também precisa ser uma espécie de psicólogo, pois escuta os problemas e aconselha a clientela.

SERVIÇO

O site da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) disponibiliza a relação das feiras livres no endereço cmtu.londrina.pr.gov.br, na guia Utilização do Espaço Público, em Feiras e Ambulantes.

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