A 1ª Câmara Criminal do TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) deu início ao julgamento da pena estabelecida para o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho, condenado pela morte dos jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida em acidente de trânsito ocorrido em maio de 2009, em Curitiba. No júri popular, o ex-deputado havia sido condenado a nove anos e quatro meses em regime fechado por duplo homicídio com dolo eventual. Ele estava embriagado quando dirigia o veículo que colidiu contra o outro carro em que estavam os jovens.

Nesta quinta-feira (13), os três desembargadores da 1ª Câmara Criminal do TJ-PR discordaram sobre o tempo de condenação ao analisar o recurso que questionava a pena. Conforme o advogado Elias Mattar Assad, que representa Christiane Yared, o desembargador Naor Macedo se posicionou pela manutenção da pena estabelecida no Tribunal do Júri. Clayton Camargo defendeu a condenação em sete anos em regime semiaberto. Já o terceiro desembargador, Miguel Kfouri, argumentou pela condenação em sete anos, quatro meses e 20 dias, também em regime semiaberto. Sem um consenso quanto ao tempo da pena, a sessão foi suspensa e o julgamento do caso deve ser retomado em fevereiro.

Porém, segundo Mattar Assad, mesmo sem o resultado oficial, apenas o período da condenação deve variar (entre sete anos e sete anos, quatro meses e 20 dias). "A tendência deste julgamento da 1ª Câmara, embora não esteja terminado, é de reduzir a pena. Os dois desembargadores que diminuíram a pena optaram pelo semiaberto. Nós vamos ter, com certeza, uma decisão que vai adotar o regime semiaberto. O regime fechado é para condenações acima de 8 anos", explicou. Outras medidas como o uso de tornozeleira e a suspensão do direito de dirigir não foram discutidas.

"A expectativa era de que a condenação ficasse acima de oito anos. Não fui surpreendido, mas não esperava que baixasse para menos de oito anos. O que eles [advogados do réu] queriam inicialmente era que fosse tratado como um mero acidente e que a pena fosse inferior a quatro anos com medidas alternativas como a prestação de serviços comunitários. Não ficou como a defesa queria e prevaleceu a nossa tese de dolo eventual. Na dosimetria da pena, a Câmara optou por uma filosofia mais liberal. A decisão é essa e há que se respeitar a posição de cada julgador", comentou Assad.

Carli Filho permanece em liberdade enquanto aguarda a análise dos recursos e o desfecho do julgamento. Para Christiane Yared, mãe de uma das vítimas, a impunidade prevaleceu, já que o ex-deputado deve cumprir pena no regime semiaberto. "Os nossos filhos estão presos em um túmulo. Eu, como mãe, e a minha família estamos presos àquele dia fatídico. Foram dez anos de luta. O júri popular foi um segundo funeral. Foi horrível. Tivemos acesso a imagens que nós não tivemos antes e a vontade popular não foi feita. Para quê júri popular? Para quê esse desgaste todo, se a vontade do júri não é respeitada? Passamos anos gritando, lutando, chorando... Perdemos a batalha, mas não perdemos a guerra. Não vou desistir das outras mães que também estão passando por isso", afirmou. Os advogados de defesa de Carli Filho não foram encontrados para comentar o posicionamento dos desembargadores.