São Paulo, 07 (AE) - Ruas tomadas pela água, que chegava a um metro, carros levados pela enxurrada, bairros sem luz, semáforos desligados, trânsito lento e pousos e decolagens suspensos. O temporal que atingiu a capital hoje à tarde causou uma série de transtornos. Foi a segunda grande enchente do ano - no dia 1.º, uma forte chuva castigou a cidade. As precipitações de hoje tiveram maior intensidade nas regiões oeste, sul e parte da norte.
Às 17h30, havia 84 quilômetros de congestionamento nos principais corredores. O índice, considerado baixo num dia de intensa chuva, é explicado pelo fato de que muitas das vias alagadas não entram na medição da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Segundo os técnicos do Centro Tecnológico de Hidráulica, a chuva forte foi tipicamente de verão e se concentrou em pontos fixos.
Conforme os dados colhidos pela rede telemétrica do Departamento de água e Energia Elétrica (Daee), choveu 43 milímetros na região da Ponte do Limão, na Marginal do Tietê. Já na barragem móvel, sob o Cebolão, foi registrada uma precipitação de apenas 8 milímetros. Às 16h30, o radar meteorológico registrava chuvas no Vale do Paraíba, principalmente na região de Taubaté e em Campinas.
A partir das 15 horas, ocorreram falhas no fornecimento de energia por causa da queda de galhos e árvores sobre a rede elétrica, principalmente nas zonas sul e oeste. Até as 17 horas, permaneciam sem luz parte dos bairros de Parelheiros, Santo Amaro, Sacomã e Granja Julieta, na zona Sul; Perus, na zona oeste; e Casa Verde, na norte. O problema também persistia nos municípios de Itapecerica da Serra e Embu, na Grande São Paulo.
Os técnicos da Eletropaulo informaram que a previsão era restabelecer o fornecimento até as 17h30, mas, por causa do tráfego lento e das vias alagadas, as equipes tinham dificuldades para chegar aos locais.
Vôos - Um raio atingiu o sistema de balizamento da pista do Aeroporto Internacional de Congonhas, deixando suspensos durante 15 minutos pousos e decolagens. De acordo com o Serviço Regional de Proteção ao Vôo, o balizamento é composto pela iluminação amarela que fica à margem da pista e auxilia na visualização na aproximação dos aviões, principalmente no périodo noturno - ou quando o céu está escuro, como hoje.
O raio atingiu o sistema por volta das 14h30. Com a suspensão das operações, cerca de 12 aviões que se aproximavam do aeroporto receberam ordens para continuar circulando pela área até a situação se normalizar. O mesmo aviso foi transmitido àqueles que sobrevoavam a região de Brasília e do Paraná.
Ilhados - Os alagamentos mais graves ocorreram nos bairros da Lapa e Butantã, na zona oeste, e Morumbi, na sul. Na Ruas Turiaçu e Venâncio Aires, nas Avenidas Pompéia e Francisco Matarazzo, na Praça Luis Carlos Mesquita e na região do Mercado Municipal da Lapa, o nível das águas chegou a mais de 1 metro de altura, impedindo a passagem de veículos.
Na Praça Roberto Gomes Pedrosa, em frente do Estádio do Morumbi, os bombeiros foram chamados para retirar pessoas ilhadas em seus carros. As águas do Córrego do Pirajuçara refluíram pelos bueiros na região do Butantã, inundando a Rua Professor Indalécio de Melo e Padre Correia de Almeida. Na Avenida Francisco Morato, os veículos não podiam circular no trecho entre a Rua Alvarenga e a Praça Paula Moreira, já que as águas cobriam os pneus dos carros.
Na Marginal do Pinheiros, três alagamentos de destaque foram registrados na Curva da Traição e sob as pontes nova e velha do Morumbi.
Depois que as águas escoaram, surgiu outro problema na Rua Alvarenga. Operários, utilizando um guindaste, bloquearam a via próximo ao número 1.088 para realizar trabalhos de contenção de um painel de propaganda que ameaçava cair. O acesso a Rodovia Raposo Tavares ficou congestionado.