Rio, 09 (AE) - O ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, afirmou hoje, na abertura do Americas Telecom 2000, que a telefonia móvel do País deverá crescer mais de 50 vezes em um período de dez anos, de 1995 a 2005. Segundo ele, a quantidade de telefones celulares poderá chegar a 58 milhões dentro de cinco anos - em 1995, esse número era de cerca de 1 milhão. Na telefonia fixa, o País também atingirá, até 2005, a marca dos 58 milhões de linhas.
"A telefonia celular, em cinco anos (a partir de 2000), deve se multiplicar por três, e, em dez anos (de 1995), por cinquenta; já a fixa vai mais do que dobrar (de 20 milhões, em 1995, para 58 milhões, em 2005)", disse. "Agora, isso tem que repercutir no preço fortemente", ressaltou. As declarações foram feitas na apresentação do fórum, promovido pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) e realizado no Riocentro até sexta-feira.
Após a cerimônia, ao comentar as críticas ao serviço da operadora Telemar-Rio feitas pelo prefeito Luiz Paulo Conde (PFL) na semana passada, Pimenta da Veiga estendeu o problema à Vésper, empresa-espelho de telefonia que atua no Rio. O ministro apostou na suposta eficiência da concorrência ao afirmar que Vésper "precisa andar mais rápido" para melhorar a qualidade dos serviços na região onde as duas empresas competem.
"A Vésper está lenta no processo de implantação e precisa ser mais confiante, investir mais, ter melhores práticas de marketing; enfim, precisa se desenvolver, porque o mercado está aí para ser usado". Pimenta reconheceu que a operadora do Rio é "tradicionalmente" a que tem mais problemas no País, e disse que se for constatado pela Agência Nacional de Telecomunicões (Anatel) qualquer erro ou descumprimento, a empresa poderá ser punida.
Na semana passada, Conde criticou a ex-estatal e disse que entregaria um relatório ao presidente da Anatel, Renato Guerreiro, pedindo o desmembramento da operadora do Rio da holding Telemar, com nova licitação para operar o serviço na cidade. "A Telemar não existe como companhia, é uma empresa caça-níqueis formada por grupos com experiência apenas em shopping centers e na área de construção", atacara o prefeito. Guerreiro, também presente à Americas Telecom, não quis dar entrevista. Banda C - O ministro disse que ainda está em estudo a escolha da faixa de frequência a ser usada na banda C da telefonia celular do País e afirmou que a decisão será divulgada "em breve", mas não durante a feira. Ele garantiu que o exame vai levar em conta "interesses nacionais" e obedecerá a critérios técnicos, não políticos. "É um estudo eminentemente sobre aspectos técnicos, que cabe à Anatel, e qualquer decisão vai partir desse estudo", declarou. "Procurar politizar a discussão é uma atitude equivocada".
Segundo ele, será escolhido o modelo que possa dotar o País do que "há de melhor em termos de frequência e tecnologia". A Anatel está avaliando a escolha entre a frequência norte-americana (1,9 GHz) e a européia (1,8 GHz). "Todas a questões estão sendo consideradas, inclusive a situação internacional". Durante conferência, o secretário-geral da UIT, Yoshio Utsumi, disse que os custos de transmissão via Internet deveriam ser reduzidos nos países da América Latina. O ministro das Comunicações disse estar de acordo com Utsumi. "Concordo com ele, ainda temos como baixar os preços da telefonia no País, e vamos baixar", prometeu. "As operadoras precisam estar certas disso e o mercado vai se multiplicar". Utsumi, no entanto, mostrou-se evasivo ao comentar o processo de implantação da Banda C da telefonia celular no Brasil. Embora a UIT tenha firmado um acordo para a utilização do padrão europeu (1,8 GHz), o secretário-geral disse que organização não pode determinar que os países adotem a frequência. "Cada país tem sua própria política de desenvolvimento", declarou.
O secretário-geral da UIT disse que a entidade pretende realizar, em breve, uma reunião em Istambul (Turquia) para discutir o problema do uso das frequências do serviço móvel celular. Para ele, o ideal seria que os países adotassem no máximo três frequências, para que pudesse haver condições de uso global do celular. Utsumi disse que a América Latina ainda tem um longo caminho pela frente no que diz respeito ao acesso à telefonia móvel. Ele citou como exemplo a América do Norte, onde uma em cada três pessoas já possuiria um telefone celular. Na América do Sul, esse número seria de uma em cada grupo de 12 pessoas.