Folhapress - A última estudante ainda presa pela suspeita de participar de um trote violento que teve ao menos 19 calouros queimados foi liberada no último domingo (3). Quatro pessoas haviam sido detidas. Advogado da jovem, Gustavo Sabino Teixeira afirma que ela deixou a prisão "muito abalada emocionalmente, extremamente triste e com muita dor".

A jovem, que não teve o nome divulgado, é uma das quatro pessoas que estavam presas desde quinta-feira (31), após o trote violento na UFPR (Universidade Federal do Paraná), em Palotina, a quase 600 km de Curitiba. O grupo faz parte do curso de medicina veterinária e é suspeito de organizar um trote que deixou pelo menos 19 calouros com o corpo queimado com creolina, um desinfetante de uso veterinário. Todos já estão em liberdade.

"Ela [cliente] se encontra muito abalada emocionalmente, extremamente triste com o ocorrido, e sente muito por toda a dor sofrida pelos colegas, dor essa que ela também experimentou, pois também se encontra com ferimentos. Neste momento está isolada, tentando entender a dimensão do acidente, e pronta para contribuir no que for preciso com todas as autoridades competentes pela investigação e julgamento do caso", afirma o advogado.

Durante a audiência de custódia, a Justiça impôs fiança de R$ 10 mil para cada pessoa envolvida, além de ter que cumprir algumas medidas, como o uso de tornozeleira eletrônica. O prazo imposto para colocar o equipamento é de cinco dias após a soltura.

Três estudantes, uma mulher e dois homens, deixaram a prisão ainda na sexta-feira (1), à noite. A última aluna que ainda estava presa não tinha condições de pagar o valor da fiança e, por um habeas corpus, foi colocada em liberdade neste domingo. "Ela foi colocada em liberdade após concessão de habeas corpus pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, e deve se comprometer em comparecer em Juízo mensalmente, não pode frequentar bares, boates e similares, não pode fazer qualquer contato com as vítimas, não pode se ausentar da comarca por mais de 8 dias sem prévia autorização do Juízo, e deve se recolher em sua residência todos os dias das 19h às 06h", descreveu o advogado de uma das indiciadas.

O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo da Fonseca, afirmou que a medida é necessária até que a conclusão do caso seja feita. "Imediatamente instauramos um processo disciplinar e, como medida preventiva, afastamos esses 25 estudantes que estariam envolvidos na confusão toda. Enquanto durar esse período de 30 dias de investigação, fizemos esse afastamento para que eles não interfiram na apuração dos fatos. Estamos sendo bastante severos", disse o reitor, ao UOL.

A universidade trabalha com duas frentes: uma é auxiliar as vítimas e os familiares com ações de acolhimento e assistência e a outra é apurar a responsabilidade dos envolvidos. "O campus de Palotina é muito grande e, de uma hora para outra, a cidade virou assunto nacional. Todo mundo está assustado e não imaginava essa repercussão. Vamos atender a comunidade e os gestores internos para colocar a 'bola no chão', já que as atividades acadêmicas precisam continuar, sem prejuízo para apurar tudo que aconteceu. Isso nunca tinha acontecido na minha gestão, nos últimos cinco anos", adicionou o reitor.