São Paulo, 30 (AE) - Os supermercados esperam redução no preço da cerveja com a fusão da Brahma e da Antarctica, inaugurando uma guerra de preços com a Kaiser. A avaliação dos varejistas é a de que o mercado é extremamente bem abastecido. Bem diferente da situação de alguns anos atrás, quando havia falta do produto no verão, as baixas temperaturas deste início de ano reduziram o consumo de cerveja. Uma redução do preço poderia incrementar as vendas.
"A concorrência é muito grande entre as marcas que já existem e podem entrar outras no mercado", diz o presidente da Associação Paulista dos Supermercados (Apas), Omar Assaf. A Ambev anunciou, hoje, que já está negociando com os supermercados uma redução de 5% nos preços, desde que o desconto seja repassado ao consumidor. "Cerveja é preço", diz o presidente da Skill Consultores, Marco Antonio Pinto de Faria, que faz consultoria tributária para distribuidores de bebidas. Ele lembra que tanto a Kaiser como a Bavaria conquistaram mercado em poucos anos, vendendo 20% mais barato do que as marcas líderes. Como a fidelidade à marca é muito baixa nesse mercado, em torno de 13%, ele acha que não faz sentido a acusação da Kaiser de que a concentração levará a aumento de preço. É o preço menor que faz uma ou outra marca ganhar mercado do concorrente.
Faria lembra que a situação hoje é muito diferente daquela existente no início do Plano Real, quando o consumo aumentou muito e houve falta de produto. "Várias fábricas foram abertas nos últimos anos e a capacidade instalada tem 50% de ociosidade", diz ele.
Se os supermercados estão certos de que os preços vão cair, os bares e restaurantes, com menor poder de negociação, temem a redução da concorrência e o aumento dos preços. "Com a concentração, os restaurantes ficam mais vulneráveis na negociação com fornecedores", diz o presidente da Associação dos Bares e Restaurantes Diferenciados de São Paulo (Abredi) e da Associação Brasileira dos Empreendimentos de Restaurantes e Entretenimentos (Abrasel), Tassilo Fiebert. "Os fornecedores impõe o preço", diz Fiebert.