A superlotação dos leitos de enfermaria Covid-19 do HU (Hospital Universitário) de Londrina, com 156% de ocupação, obrigou a direção a fechar o atendimento pronto-socorro médico. A medida vigorou desde o meio-dia de terça-feira (23) e estava prevista para até a meia-noite do mesmo dia. A direção esclareceu que o fechamento por 12 horas do Pronto Socorro Médico é uma medida administrativa para organizar internamente o serviço, visando realizar os remanejamentos internos de pacientes para liberar leitos para os novos casos.

A superlotação dos leitos de enfermaria Covid-19 do HU (Hospital Universitário) de Londrina, com 156% de ocupação, obrigou a direção a fechar o atendimento Pronto Socorro Médico. A medida vigorou desde o meio-dia de terça-feira (23) e estava prevista para até a meia-noite do mesmo dia. A
A superlotação dos leitos de enfermaria Covid-19 do HU (Hospital Universitário) de Londrina, com 156% de ocupação, obrigou a direção a fechar o atendimento Pronto Socorro Médico. A medida vigorou desde o meio-dia de terça-feira (23) e estava prevista para até a meia-noite do mesmo dia. A | Foto: Sérgio Ranalli/Grupo Folha

A direção justifica a medida quando a taxa de ocupação dos leitos na Unidade de Pronto-Socorro Médico se encontra acima de 100%, e os demais leitos do hospital também estão ocupados. "Sendo assim, é preciso aguardar os pacientes de alta saírem, para transferir os pacientes do pronto-socorro para as unidades de internação, liberando leitos para novos atendimentos", diz a nota.

O texto da nota emitida pelo hospital diz ainda que no período em que o Pronto-socorro Médico estiver fechado para a movimentação interna, a Central Estadual de Regulação de Leitos e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência estarão gerenciando as demandas conforme a necessidade.

A diretora clínica do HU, Luiza Kazuko Moriya, explicou que não é fechamento completo. "Somos referência para Covid e fomos designados para receber casos moderados e graves e assim tem sido feito, mas com o aumento nesse período temos recebido em torno de 18 a 20 paciente por período de 12 horas. São muitos pacientes que chegam e o pronto socorro não comporta tantos pacientes para atendimento. Estamos pedindo para que pacientes com outras patologias sejam encaminhados para outros hospitais", declarou.

Segundo ela, o aumento da ocupação dos leitos deve ser reflexo do carnaval e aglomerações. "Esses pacientes com Covid-19 moderados e graves dificilmente serão encaminhado para outros hospitais. Essa patologia tem permanência longa e ficam de 7 a 30 dias internados. O HU recebe pacientes assim todos os dias e não consegue dar vazão, porque o tempo de internação é longo e vai acumulando no pronto socorro. Isso dificulta proporcionar um melhor atendimento para qualquer paciente."

Embora pacientes com Covid-19 continuem sendo direcionados para o HU, aqueles com outras patologias, como cardíacos, com problemas vasculares, com hipertensão arterial, diabéticos e politraumatizados devem seguir para outros hospitais que continuam atendendo. "Pedimos que eles também sejam distribuídos para hospitais terciários", destacou.

Segundo a diretora, a doença provocada pelo novo coronavírus é muito invasiva e possui transmissibilidade grande. "Uma vez que o paciente é infectado, a doença provoca lesões gravíssimas em órgãos nobres como os pulmões e o coração. O sistema circulatório sofre um processo inflamatório intenso que leva à falência e muitos são obrigados a se submeter à diálise."

Ela compara a infecção pelo vírus com um acidente de trânsito em que o paciente fica politraumatizado. "A melhor arma é a prevenção, pois depois que ela acontece não se sabe como vai ser a recuperação. É preciso evitar aglomerações, usar máscaras, higienizar as mãos, usar álcool em gel. Mesmo com essas orientações muito difundidas, a gente sabe que nem sempre é fácil de praticar, mas cada cidadão precisa ter consciência disso. O portador de vírus, mesmo assintomático, pode transmitir para outro e ele vir a falecer. Mesmo que haja a liberação do poder público, cada um tem que ter a consciência de de praticar essas recomendações", destacou.

Sobre a polêmica da volta às aulas, Moriya afirmou que está chegando perto da fase que normalmente são registradas viroses respiratórias. "Havendo aglomerações e volta às aulas, essas viroses como a influenza irão surgir, pois elas não desaparecerão com o advento do coronavírus. Caso isso ocorra, teremos dificuldades em diferenciar se as crianças possuem coronavírus ou não." De acordo com a diretora, os médicos terão que tratar todos como coronavírus , porque não se terá como diferenciar. "Todos eles devem ter quartos individuais até saírem os resultados dos exames e para isso são necessários cinco dias, mas nesse intervalo os pacientes continuarão a chegar."

Segundo ela, é preciso que cada um assuma sua parcela de responsabilidade pela doença. "Não dá para jogar tudo em cima do governo ou dos hospitais. Uma hora não vai ter mais vaga. O que acontece hoje em dia é que se o hospital consegue transformar uma enfermaria em UTI, o problema seguinte é a falta de recursos humanos. Essa capacitação não ocorre de um dia para o outro", destacou.

"AUMENTA A MORTALIDADE POR TODAS AS DOENÇAS"

O médico infectologista do CCIH (Controle de Controle de Infecção Hospitalar) da Santa Casa, Walton Tedesco Jr. ressaltou que o aumento de casos e a superlotação dos hospitais não matam só por Covid. “Aumenta a mortalidade por todas doenças, porque muitas vezes não terão condições de receber o melhor tratamento, de receber um leito de UTI, por conta da superlotação.” Segundo ele, a vacina está chegando, mas a previsão é que todos só terminem de ser vacinados para o ano que vem. “Esse ano ainda terá restrições, e todos ainda precisarão usar máscaras e tomar todos os cuidados, senão será inevitável. Quem ainda não sofreu com a morte de alguém querido, vai sofrer”, declarou.

“É chover no molhado, mas precisa mais do que nunca isolamento social. Nesse carnaval e em feriados ou situações semelhantes sabidamente se sabia que iria ter um aumento de aglomerações e seriam necessárias medidas restritivas mais pesadas”, apontou.

Segundo ele, não existe eficácia no tratamento precoce. Temos algumas alternativas de tratamento cientificamente comprovadas sim, mas longe de ter eficiência de 100%, ou seja, apesar do melhor tratamento que venha a ser oferecido, a doença pode ser extremamente grave e as estatísticas de óbito irão aumentar diariamente”, declarou.