Sol volta, mas Santa Rita do Sapucaí continua inundada
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quinta-feira, 06 de janeiro de 2000
Por Ivana Moreira
Santa Rita do Sapucaí, MG, 06 (AE) - O sol voltou a Santa Rita do Sapucaí, uma das cidades mais atingidas pela enchente no sul de Minas Gerais, mas não conseguiu aplacar o desespero dos 30 mil moradores que estão com as casas alagadas pelo rio Sapucaí. As águas baixaram hoje cerca de um metro, mas ainda estão mais de 7 metros acima do nível normal.
Barcos e tratores garantiram o transporte de voluntários e alimentos no centro da cidade. Com as telecomunicações prejudicadas, foi preciso usar a rádio Difusora de Santa Rita como telefone público. "Atenção Rogério que está com o barco na Farmácia Bom Jesus", anunciava o locutor por volta do meio-dia. "Vá para o quartel da PM na entrada da cidade porque chegaram remédios."
Medicamentos - A principal preocupação do dia era vacinar a população contra tétano e febre tifóide. Do quartel, 22 policiais militares tentam administrar a distribuição de medicamentos e água potável. Oito deles tiveram as casas inundadas e não conseguiram salvar nem roupas. Trabalham com camisetas e bermudas que chegaram em sacolas de doações de cidades vizinhas.
Pelo menos 75% das população de Santa Rita do Sapucaí teve prejuízos em decorrência das chuvas. Dos sete supermercados do lugar, quatro estão debaixo dágua. Na cidade, conhecida como Vale da Eletrônica, 10 das 30 indústrias do setor também estão alagadas. A enchente castigou a comunidade carente e também famílias mais abastadas. Casas de classe média alta também estão interditadas. O prefeito da cidade, Jeferson Gonçalves (PFL), ficou desalojado e está com a família na casa de um cunhado.
Alerta - Desde o domingo, quando começou a chover em Itajubá - a primeira cidade da região a decretar estado de calamidade pública, a rádio difusora de Santa Rita começou a prevenir os ouvintes sobre a possibilidade de enchente. Mas os moradores não acreditaram que as águas pudessem subir tanto. "A gente não queria deixar a nossa casa e não podia imaginar que ia ser tão sério", contou Janete Dias Batista, de 49 anos. Ela resistiu o máximo que pode, mas acabou tendo de deixar a casa às pressas, na madrugada de terça-feira, com o marido e os três filhos, em um barco do Exército. "A água veio de uma vez, não tivemos nem como pegar roupas." Janete ainda não tinha tido coragem de voltar à casa no bairro Fernandes, onde só o telhado ficou de fora. "Não sei como vai ser, não tenho esperanças de salvar nada." Entre as perdas está um computador ainda embalado que ela havia dado de presente de Natal aos filhos.
São Lourenço - Situação semelhante enfrentam os moradores de São Lourenço, cidade turística que ficou parcialmente submersa. O Parque das águas, principal atração da estação hidromineral, ainda estava inundado hoje. A entrada para o teleférico, alagada. E os hotéis de luxo em torno da lagoa também.