Berlim, 27 (AE-AP) - O Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler Gerhard Schroeder, venceu a primeira eleição regional depois do escândalo financeiro que abalou a União Democrata-Cristã (CDU), do ex-chanceler Helmut Kohl, que ocorreu hoje (27) no Estado de Schleswig-Holstein. O SPD derrotou a CDU por 42,3% a 34%, mantendo sua hegemonia de poder na região, segundo pesquisas de boca-de-urna, realizadas pela rede alemã de televisão ZDF.
Os social-democratas registraram um avanço de 2,5% em relação às eleições anteriores, de 1996. Os democrata-cristãos, em séria crise, amargaram um recuo de 2,5%.
"Foi uma resposta do eleitorado às irregularidades praticadas pela liderança democrata-cristã durante os 16 anos em que Kohl ocupou o poder", destacou o dirigente social-democrata Lothar Hay, presidente da bancada parlamentar do SPD em Kiel, capital do Estado. Os verdes, aliados dos social-democratas, conseguiram 7,1%, o que representa também perda de 1% em relação a 1996.
Mas os verdes evitaram fazer comentários sobre o desempenho do partido. "Foi sobretudo um voto claro dos alemães de Schleswig-Holtein a favor da coalizão vermelho-verde", exultou a deputada Angelika Beer, líder verde no Parlamento local.
A coalizão vermelho-verde será liderada no Parlamento de Kiel pela social-democrata Heide Simonis, que deve assumir a chefia do governo estadual.
Segundo ainda a televisão ZDF, o Partido Liberal (FDP) obteve 8,1% - 1% a mais do que nas eleições anteriores. Os partidos comunista e neonazista não terão representação no Parlamento porque não conseguiram a votação mínima estipulada pela legislação, que é de 5%.
Mas para os analistas de política, os democrata-cristãos foram os grandes derrotados. Receberam uma punião eleitoral, que deverá se repetir nas próximas eleições regionais.
A CDU busca de todas as formas renovar seu quadro de liderança, "aposentando" a chamada velha guarda. "Esse, no entanto, não é um processo que ocorre da noite para o dia", ressaltou um analista. Segundo ele, o partido terá de esclarecer as irregularidades ocorridas durante a administração Kohl.
O ex-chanceler presidiu a CDU durante 25 anos com mão de ferro. Ele admitiu ter criado contas secretas no exterior para abrigar "donativos políticos" de pessoas ou empresas que não queriam revelar suas identidades.
Embora admitindo seu erro, o ex-chanceler nega-se a revelar o nome desses contribuintes. Alega que jamais quebraria a palavra empenhada. "É uma questão de honra", repete ele com frequência. A posição do ex-chanceler é considerada "insustentável" pelos líderes social-democrata e por membros da própria CDU.
Kohl admitiu não ter declarado o ingresso nos cofres do partido de mais de US$ 1,3 milhão - soma, segundo ele, usada nas campanhas políticas democrata-cristãs na ex-RDA. Parte desse dinheiro teria vindo de comissões recebidas de um comerciante de armas, que intermediou a venda de tanques à Arábia Saudita, durante a Guerra do Golfo.