A Delegacia de Homicídios de Londrina (DHL) encerrou as investigações sobre os assassinatos da servidora municipal Roseli Florindo e do namorado dela, Luís Carlos Tenório Araújo, encontrados carbonizados na noite do dia 14 de junho às margens da PR-445, próximo ao distrito de Irerê, zona sul. O casal foi morto a tiros pelo sobrinho da mulher, Lucas de Oliveira, 24 anos. Ele confessou o crime quando prestou depoimento.

Imagem ilustrativa da imagem Sobrinho teve intenção de incendiar corpos de tia e do namorado dela, diz polícia
| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Investigadores tentaram cumprir o mandado de prisão temporária, que vale por 30 dias, contra o jovem, considerado foragido da Justiça. Segundo o delegado João Reis, que encabeça o caso, varreduras foram feitas em cidades da região, mas o acusado não foi localizado. O inquérito apontou que ele deve responder por dois homicídios triplamente qualificados, dano qualificado (por ter incendiado o carro da funcionária pública), posse irregular de arma de fogo e acessório e tentativa de ocultação de cadáver.

Em relação a este último delito, a Polícia Civil ainda tinha dúvida se realmente Lucas tentou incendiar os corpos das vítimas. O Instituto de Criminalística atestou, por meio de uma perícia, que as chamas foram provocadas por ação humana. "A versão apresentada por ele de que estava fumando e jogou algumas bitucas após abandonar o veículo não procede. Além disso, sinais de queimadura no rosto e em uma das mãos indicam que o Lucas tentou empurrar o automóvel para uma ribanceira. Se ele consegue fazer isso, dificilmente os dois seriam localizados", explicou Reis.

Outra novidade no relatório policial é que a mãe do rapaz foi indiciada por fraude processual. De acordo com o delegado, após os disparos efetuados pelo filho na frente de sua residência, a mulher teria lavado a calçada. "Quando os policiais estiveram no local, perguntaram a ela se alguém teria apagado os vestígios de sangue, o que foi negado. Porém, com a evolução das investigações, confirmamos que tiros foram disparados nesse lugar. O perito criminal aplicou um reagente na calçada e não achou marcas de sangue. Notamos uma diferença entre as cores do passeio público e da pintura da calçada", pontuou.

Para João Reis, Lucas assassinou a tia e o namorado dela por desavenças familiares. Roseli denunciou o sobrinho em 2018 por tráfico de drogas, o que teria revoltado o assassino. "Isso alimentou um ódio por parte dele. No dia dos fatos, a servidora estava em um pesqueiro na zona norte com o companheiro. Ela bebeu e foi alcoolizada até a casa da irmã, em Cambé, onde tudo aconteceu. Uma testemunha também confirmou que a funcionária pública teria dito que soltaria fogos pela morte do pai do atirador, que faleceu por causa de uma doença. Os envolvidos tinham muitas divergências sobre quem deveria cuidar da matriarca", ponderou.

A arma usada para atirar contra Roseli e Luís, um revólver calibre 357, não foi localizada porque Lucas jogou o objeto em um riacho perto do conjunto União da Vitória, bairro da região sul. No retorno para a zona urbana, a polícia não conseguiu comprovar se o jovem teve ajuda de alguém. "Ele alega que voltou caminhando. Nos assassinatos em si, concluímos que o suspeito agiu sozinho", completou.

O delegado argumentou que não indiciou Lucas por feminicídio porque não foi provado que o crime aconteceu por questões de genêro ou violência doméstica. Reis adiantou que irá pedir a conversão da prisão temporária para preventiva. O inquérito segue para o Ministério Público de Cambé, que pode ou não oferecer denúncia do caso. A reportagem tenta contato com a defesa dos investigados.