Sítios arqueológicos do MT correm risco
PUBLICAÇÃO
domingo, 13 de fevereiro de 2000
Nelson Francisco
Da Agência Estado
De Cuiabá
O Estado do Mato Grosso tem mais de 700 sítios e cemitérios arqueológicos que correm o risco de desaparecer. O alerta é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que aponta como responsáveis pela destruição os garimpos clandestinos, a agricultura, a construção de usinas hidrelétricas e os desmatamentos.
Em Mato Grosso há vestígios de civilizações que habitaram aqui até 10 mil anos antes de Cristo, disse o diretor da 18ª sub-regional do Iphan, Cláudio Conti. Os sítios arqueológicos espalham-se por todas as regiões.
A ameaça preocupa os pesquisadores. Um deles é Maria Clara Migliacio, que prepara uma tese de mestrado sobre civilizações que habitaram o Pantanal. De acordo com suas informações, o risco é enorme, pois Mato Grosso é considerado uma das principais fontes de informação para a pesquisa no País. O Estado está perdendo o inventário sistemático do patrimônio cultural arqueológico sobre a formação dos povos da América Latina.
A 80 quilômetros de Cuiabá, na região a ser alagada pelo reservatório da Usina Hidrelétrica de Manso, foram catalogados recentemente cerca de 60 sítios arqueológicos. Segundo Maria Clara, ali é possível perceber que muitos registros sobre a história dos povos são destruídos por pura ignorância. É uma tragédia, pois os sítios geralmente são verdadeiros documentos não verbais, registros de civilizações que desapareceram há muito tempo.
Outro exemplo de área ameaçada apontado pelos pesquisadores é da Usina Hidrelétrica Ponte de Pedra, em Chapada dos Parecis, na região leste do Estado. Para o Iphan, a licença para a construção da usina foi concedida de forma irregular, uma vez que se trata de uma área indicada para a demarcação e tombamento. Os diretores da instituição ainda tentam reverter a licença.
A lei federal 3.924, de 1961, estabelece normas para a preservação do patrimônio arqueológico. Segundo essa lei, os responsáveis por projetos de desenvolvimento econômico que incidem sobre sítios arqueológicos são obrigados a custear a pesquisa e o resgate de objetos e informações contidas no local.Pesquisadores alertam que as preciosidades arqueológicas podem desaparecer por causa de uma sucessão de fatores, incluindo o desmatamento
Arquivo FolhaPROBLEMADesmatamento é um dos fatores que colocam em risco o estudo sobre formação dos povos da América Latina