Nelson Francisco
Da Agência Estado
De Cuiabá
O Estado do Mato Grosso tem mais de 700 sítios e cemitérios arqueológicos que correm o risco de desaparecer. O alerta é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que aponta como responsáveis pela destruição os garimpos clandestinos, a agricultura, a construção de usinas hidrelétricas e os desmatamentos.
‘‘Em Mato Grosso há vestígios de civilizações que habitaram aqui até 10 mil anos antes de Cristo’’, disse o diretor da 18ª sub-regional do Iphan, Cláudio Conti. ‘‘Os sítios arqueológicos espalham-se por todas as regiões.’’
A ameaça preocupa os pesquisadores. Um deles é Maria Clara Migliacio, que prepara uma tese de mestrado sobre civilizações que habitaram o Pantanal. De acordo com suas informações, o risco é enorme, pois Mato Grosso é considerado uma das principais fontes de informação para a pesquisa no País. ‘‘O Estado está perdendo o inventário sistemático do patrimônio cultural arqueológico sobre a formação dos povos da América Latina.’’
A 80 quilômetros de Cuiabá, na região a ser alagada pelo reservatório da Usina Hidrelétrica de Manso, foram catalogados recentemente cerca de 60 sítios arqueológicos. Segundo Maria Clara, ali é possível perceber que muitos registros sobre a história dos povos são destruídos por pura ignorância. ‘‘É uma tragédia, pois os sítios geralmente são verdadeiros documentos não verbais, registros de civilizações que desapareceram há muito tempo.’’
Outro exemplo de área ameaçada apontado pelos pesquisadores é da Usina Hidrelétrica Ponte de Pedra, em Chapada dos Parecis, na região leste do Estado. Para o Iphan, a licença para a construção da usina foi concedida de forma irregular, uma vez que se trata de uma área indicada para a demarcação e tombamento. Os diretores da instituição ainda tentam reverter a licença.
A lei federal 3.924, de 1961, estabelece normas para a preservação do patrimônio arqueológico. Segundo essa lei, os responsáveis por projetos de desenvolvimento econômico que incidem sobre sítios arqueológicos são obrigados a custear a pesquisa e o resgate de objetos e informações contidas no local.Pesquisadores alertam que as preciosidades arqueológicas podem desaparecer por causa de uma sucessão de fatores, incluindo o desmatamento
Arquivo FolhaPROBLEMADesmatamento é um dos fatores que colocam em risco o estudo sobre formação dos povos da América Latina