O Sinepe (Sindicato das Escolas Particulares) vai entrar com um agravo de instrumento no TJ (Tribunal de Justiça) do Paraná pedindo a reabertura das escolas. "Vamos insistir!”, afirma o presidente da entidade, Alderi Luiz Ferraresi.

Inicialmente, as aulas presenciais estavam suspensas até 31 de agosto, mas autoridades entenderam que não era seguro voltar  agora
Inicialmente, as aulas presenciais estavam suspensas até 31 de agosto, mas autoridades entenderam que não era seguro voltar agora | Foto: Gustavo Carneiro/09/07/2020

O sindicato havia entrado com ação judicial para o retorno das aulas que foi liminarmente indeferida. A decisão do governo do Paraná e da prefeitura de Londrina em não reabrir as escolas para aulas presenciais em setembro motivou o recurso no TJ.

No sábado (29), o prefeito Marcelo Belinati anunciou nas redes sociais de que as aulas da rede municipal de ensino não retornarão em setembro. As atividades estavam suspensas até esta segunda-feira (31). Neste domingo (30), a Secretaria Municipal de Educação afirma que ainda não há previsão de retomada e que uma nova avaliação deve ser feita no final de setembro.

A secretária municipal de Educação, Maria Teresa Paschoal de Moraes, afirma que a decisão foi tomada com dados da secretaria municipal de Saúde e que, segundo a análise, não seria seguro a retomada neste momento. “A gente entende que teria aumento de casos, os estudos mostram isso. A gente decidiu que setembro ainda não é hora de voltar”, argumenta.

Moraes afirma que não há data prevista para retomada e que isso ainda deve ser analisado no final do mês de setembro. “É uma avaliação que é feita sempre dois ou três dias antes do vencimento do prazo de suspensão, então, provavelmente, na última semana de setembro nós teremos nova análise”, afirma.

A secretária aponta que mesmo que haja uma data, a retomada deverá ocorrer na proposta de escalonamento, com um terço da sala de aula no formato presencial e os demais no remoto, de forma semanal, quando estiverem autorizados.

Mesmo com uso de máscara, disponibilização de termômetros, tapetes sanitizantes e distanciamento entre carteiras, que demanda bem menos alunos na sala de aula, a secretária aponta ainda a questão de os pais aceitarem ou não que os alunos voltem. “Isso é uma grande incógnita. O que a gente ouve é que a grande maioria dos pais seria contra e não mandaria os filhos para a escola”, menciona.

ESTADO

A decisão acompanha o governo do estado, que divulgou na sexta-feira (28) que ainda é cedo para retorno das aulas presenciais no Paraná. O decreto estadual suspendeu as aulas nas escolas estaduais públicas e privadas, nas universidades e entidades conveniadas desde o dia 20 de março. “Temos avaliado diariamente o cenário. E podemos dizer, com muita segurança, que ainda não temos possibilidade de colocarmos os alunos em sala, os professores e equipes das escolas nesta convivência pessoal, porque precisamos de uma queda efetiva da curva”, ressaltou a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde, Maria Goretti David Lopes.

O Governo do Estado formalizou um comitê com a presença de diversas secretarias e está analisando a metodologia quando o retorno for possível, desde que com segurança para alunos, professores e funcionários. “Não temos como falar em data. O governo tem discutido métodos para quando houver a possibilidade de retomada. Enquanto as curvas de casos novos e óbitos não estiverem em queda sustentada, não há previsão”, frisou Beto Preto, secretário do Estado da Saúde.

DISCORDÂNCIA

O Sinepe não concorda com a decisão da prefeitura e do governo estadual. “Já está na hora, não de reabrir, mas de começar a se pensar em uma data de reabertura e eles simplesmente postergam o prazo de fechamento, mas nunca fala de reabertura”, critica Alderi Luiz Ferraresi, presidente do Sinepe.

O presidente afirma que as escolas precisam se planejar para o retorno e que muitos alunos não estão lidando bem com as aulas remotas. “Precisamos que o prefeito comece a se manifestar, depois de cinco meses, em cima de alguma possibilidade de data, ele sequer admite a conversar sobre isso”, aponta.

Ferraresi indica que o sindicato defende o plano de retomada com turmas escalonadas. “A quantidade de pais que disporão a ir à escola é pequena, isso já é um ponto altamente favorável para a reabertura, porque o pai que não aceita é porque de uma forma ou de outra está dando conta do trabalho remoto, os filhos estão bem atendidos. Nossa estimativa é de que vai reduzir em torno de 40 a 50% dos estudantes que não irão para a escola. Isso é ponto favorável”, cita.

Dentro do quadro reduzido, cita o escalonamento com sistema híbrido de ensino entre formato remoto e presencial. “Não precisa ir muito na escola, o aluno pode ir pouco e continuar com uma proporção maior das aulas no remoto e à medida que isso vai dando certo, vamos expandindo e introduzindo novos alunos”, explica.

Para o presidente, a decisão não é adequada, considerando que outros pontos da cidade estão abertos e com circulação de crianças e jovens. “Eles vão ao shopping, à academia, estão liberados até para eventos, as áreas comuns dos prédios estão liberadas, ele só não pode ir à escola”, critica. “Precisamos ter uma data para pelo menos termos uma luz no horizonte, porque hoje estamos na escuridão e ninguém acena com alguma possibilidade. As escolas serão as últimas que voltarão, como se a educação fosse descartável”, argumenta.