A Sesa (Secretaria Estadual de Saúde) lançou nesta quarta-feira (22) uma nova campanha de combate à dengue. Intitulada "Paraná Contra a Dengue", a ação tem como principal objetivo conscientizar a população a respeito dos cuidados para evitar a proliferação do mosquito transmissor da doença. Além disso, projeta antecipar medidas como a disponibilização de recursos estaduais para o enfrentamento da doença. O evento foi realizado no Teatro do Colégio Mãe de Deus, em Londrina.

César Neves, secretário de Saúde em exercício, afirmou que a campanha é uma ação de mobilização e de conscientização sobre a doença, ainda mais com a chegada do verão, um período de grande preocupação em relação ao aumento de casos. Londrina foi escolhida como sede para o lançamento por ser uma das cidades mais afetadas pela doença, assim como toda a Região Norte, Oeste e Litoral.

Segundo dados da Sesa, neste período epidemiológico, que começou no dia 30 de julho, o Paraná confirmou 3.091 casos de dengue, sendo que as Regionais de Saúde com mais incidência foram: Maringá, com 614; Londrina (605); Paranavaí (401); Paranaguá (245); e Foz do Iguaçu (213).

Em Londrina, de janeiro a 16 de novembro, data do último balanço da Secretaria Municipal de Saúde, foram confirmados 41.723 casos e 29 mortes. “A pandemia, de certa forma, nos prejudicou porque as pessoas ficaram anestesiadas dos outros problemas, das outras doenças, das outras patologias. Então agora é o momento de repetirmos esse mantra de forma muito incisiva para o poder público fazer o que deve fazer, mas que é um trabalho a várias mãos”, ressaltou.

Além da conscientização, Neves reforçou que até o meio do ano que vem deve ser disponibilizada a vacina contra a dengue e contra a chikungunya. “O problema está no agora, está no dia a dia, então a conscientização da população é fundamental”, reforçou.

A respeito do fumacê, Neves afirmou que é uma estratégia importante para que as pessoas "vejam as medidas que estão sendo tomadas pelo poder público", mas ressaltou que ele resolve 30% do problema. Isso porque ele age nos mosquitos já alados, sendo necessários mecanismos para agir ainda na fase de larvas. O Ministério da Saúde, apontou que acenou positivamente sobre o envio do veneno. Sem detalhar se a ferramenta vai chegar em quantidade suficiente para todo o Paraná, ele ressaltou que a prioridade são os municípios com mais incidência, como Londrina.

Segundo Neves, o último grande pico da doença foi entre 2019 e 2020, quando foram confirmados 230 mil casos e 218 mortes. “Justamente agora estamos completando quatro anos desse episódio e, dentro da sazonalidade epidemiológica das arboviroses, tudo sinaliza que esse ano pode ser bastante difícil”.

Além da conscientização, o secretário reforçou que, como medida imediata, todos os órgãos de combate à doença das cidades já estão sendo acionados para saírem de casa em casa. Segundo ele, como já visto em outros Estados, o Paraná está avaliando o uso de drones para fazer o monitoramento de terrenos baldios, assim como estão atuando em conjunto com o Poder Judiciário para que as equipes possam entrar em áreas de risco.

Além disso, através do ProVigia (Programa Estadual de Fortalecimento da Vigilância em Saúde), foram liberados R$ 50 milhões em recursos aos municípios, que podem solicitar os valores para fins de combate à doença. “Nós vamos antecipar todas essas medidas que temos feito todos os anos, além da educação continuada, treinamento dos nossos colegas médicos no manejo desses pacientes. Nós sempre aprendemos com o sofrimento, nós já aprendemos em outras epidemias que o atraso dessas medidas acaba muitas vezes tendo repercussão [negativa]”, finalizou.

O vice-prefeito de Londrina, João Mendonça, afirmou que a dengue é uma doença em que ninguém pode baixar a guarda. Segundo ele, deve haver uma vigilância permanente e um trabalho feito com ajuda de várias mãos, reforçando o papel da educação no combate à doença. “Vale tudo para combater o Aedes aegypti”, pontuou.

Em Londrina, de acordo com dados do último LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti), divulgado em 9 de novembro, as regiões central e norte estão em situação de alerta para um possível surto da doença, com índices de 3,57 e 3,45, respectivamente. Além disso, 91% dos focos encontrados do mosquito estão nos quintais das casas; os outros 9% estão em objetos e recipientes dentro das residências.

"É uma casa transmitindo para outra, então um vizinho tem a ver com a vida do outro, nós todos temos a ver com a vida do próximo, ainda mais nesse período de sol, chuva e calor”, pontuou, reforçando que as pessoas devem entrar em contato com o disque-denúncia, pelo 0800-400-1893, caso notem possíveis focos do mosquito em casas ou terrenos.

Fernando Henrique de Campos, supervisor de campo da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Jaguapitã, disse que mais de mil casos de dengue foram confirmados no ano na cidade, que tem pouco mais de 13 mil habitantes. “O que a gente mais observa é que os focos estão dentro das residências. Então, por mais que a gente fale e oriente, ainda é uma cultura em Jaguapitã que é difícil de se quebrar.” Na cidade, pelo menos 90% dos criadouros estão dentro das casas.