O rastreio de interações de pacientes com a variante brasileira da Covid-19, conhecida por P1, deve ser mais rigoroso para evitar a sua disseminação pelo Estado, aponta a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). Técnicos da pasta participaram de duas reuniões nesta quarta-feira (17) para discutir o assunto. A coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesa, Maria Goretti David Lopes, ressaltou a importância desse trabalho intersetorial com o Ministério da Saúde e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para reforçar o trabalho de monitoramento de quem teve contato com a variante, o que é feito desde o ano passado.

O rastreio de interações de pacientes com a variante brasileira da Covid-19 deve ser reforçado, aponta a Sesa
O rastreio de interações de pacientes com a variante brasileira da Covid-19 deve ser reforçado, aponta a Sesa | Foto: Geraldo Bubniak/Arquivo AEN

“Não seria diferente em relação aos pacientes que confirmaram só agora a presença dessa variante. Até agora todos os casos são importados, de Manaus, e já estávamos monitorando”, destacou. Com a confirmação do diagnóstico, a pasta está voltando a fazer contato com cada um deles, com seus familiares e pessoas com as quais entraram em contato. “Estamos buscando instituições para ver se houve aumento de casos. A partir da presença deles vamos confirmar se isso foi provocado pela nova variante”, apontou.

Questionada se a superlotação de leitos no Estado pode ter relação com a nova variante, ela afirmou que essa hipótese não está descartada. “Essa variante pode ter levado ao aumento de mortes em Manaus e já foi registrada no Japão. Isso mostra o quanto ela é transmitida de forma rápida e em escala global. A transmissão dessa nova variante é altíssima. Pedimos para que todos mantenham os cuidados como o uso de máscara, o distanciamento social e a higienização constante das mãos. Estamos reforçando esses cuidados neste momento porque a situação já é grave hoje. Precisamos nos precaver para que não haja o colapso do sistema de saúde. Esperamos que não chegue a esse ponto”, declarou.

Ela ressaltou que desde que surgiram as notícias da existência da nova variante, em janeiro, o COE (Centro de Operações de Emergências) em Saúde Pública da Sesa já publicou nota orientativa para que todos os profissionais de saúde ficassem por dentro sobre quais medidas deveriam ser adotadas. “Para se ter uma ideia do nível de detalhamento nessas reuniões é discutido até o tipo de máscaras que as pessoas estavam usando no momento do voo para ver se tinha proteção maior ou menor. É preciso registrar de qual voo esse paciente veio, quais as pessoas estavam sentadas próximas, se os pacientes mantiveram distanciamento social e o isolamento domiciliar, se os sintomas foram leves, moderados ou se agravaram a ponto de ser internado, se teve controle de infecção etc. Tudo é investigado para ter informação completa de cada caso confirmado. A análise é muito técnica e acabam discutindo caso a caso para serem registradas todas as questões”, destacou. Ela ressaltou que tudo deve ser registrado e notificado para que se saiba como acionar e realizar o monitoramento de contatos e mitigar a presença do vírus ou qualquer variante no estado.

A Sesa recebeu da Fiocruz do Rio de Janeiro a confirmação da contaminação de cinco pessoas pela variante brasileira do coronavírus na tarde de terça-feira (16). São quatro pessoas que passaram por atendimento em Curitiba e uma em Campo Largo. Todas elas vieram de Manaus. A pasta informa que não há transmissão local. Até o momento, o Lacen já enviou 28 amostras positivas para a Covid-19 à Fiocruz, que é o laboratório nacional responsável pelos exames de sequenciamento genético das amostras de possíveis casos de contaminação pela variante. Das 28 amostras encaminhadas positivas, 5 foram confirmadas com a nova cepa. Cerca de 70 estão em análise.

Alcindo Cerci Neto, pneumologista do HU (Hospital Universitário) de Londrina, explicou que a variante P1, do Amazonas, é um pouco mais infecciosa e aparentemente costuma dar casos mais graves em jovens. “Ainda não tem muitos estudos definidos sobre isso”, destacou. Segundo ele, caso o paciente suspeito de ter essa nova variante obedeça todos os protocolos de segurança (como o uso de máscaras, o distanciamento social e a higienização das mãos), o risco de espalhar essa nova variante é baixo, embora seja possível. “A gente ainda não sabe como acontece, mas ela pode ser mais infecciosa em uma distância mais curta. Mas a precaução com segurança é para todos, independentemente do subtipo do coronavírus”, apontou. Segundo ele, ainda não há informações se as vacinas que têm sido ministradas no Paraná são capazes de imunizar contra essa nova cepa do Sars-Cov-2.