Brasília, 29 (AE) - Os servidores públicos federais fazem passeata no dia 30, em Brasília, para decidir se iniciam greve com o objetivo de reivindicar, como item principal da pauta, um aumento salarial de 28%. Os servidores, cerca de 1,2 milhão em todo o País, reclamam de não terem aumento salarial há cinco anos. A passeata, que, segundo os organizadores, deverá reunir até 2 mil funcionários, sairá do Auditório Nereu Ramos, no Senado, e seguirá até a Secretaria da Administração. Em 1 de abril, uma assembléia decide se os servidores públicos federais começam a greve nacional.
"Se, até maio, o governo federal não conceder os aumentos, a greve vai começar", afirmou o secretário-adjunto da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condesef), Rogério Antônio Expedito. A instituição reúne cerca de 550 mil do total de servidores públicos federais. Hoje, representantes de 22 instituições nacionais decidiram que vão começar uma campanha nacional para mobilizar para a passeata e a possibilidade da greve, com outdoors e peças publicitárias no rádio e televisão.
Segundo Expedito, apesar de a greve estar agendada desde o fim de 1999, um dos empurrões para a mobilização foi a liberação do auxílio-moradia para os juízes federais. "É vergonhosa a gratificação: um juiz ganha R$ 9, R$ 10 mil e a média salarial de 90% dos servidores públicos federais é de 600 reais, com 30 anos de serviço", afirmou.
"Se o Estado tem como pagar a gratificação aos juízes, deve ter como dar os aumentos nos salários", defendeu Expedito. De acordo com ele, menos de 10% dos servidores públicos federais ganham mais de R$ 10 mil.
O menor salário é de 285 reais para cargos como agente administrativo e motoristas. As reivindicações dos servidores são reposição salarial com reajuste imediato de 63,67% sobre as perdas salariais, calculadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos (Dieese); não-demissão de funcionários; não-colocação de funcionários em disponibilidade; manutenção da aposentadoria integral; não à contribuição dos inativos, e contra a extinção de órgãos federais e transformação em agências. Os servidores também reclamam do processo de terceirização do serviço público, uma vez que, desde 1995, não há concursos para os servidores públicos federais.