O dia da favela foi comemorado no dia 4 deste mês, e a Cufa (Central Única das Favelas), por meio do Coletivo Conexões Londrina realizou várias ações desde quinta-feira até domingo atendendo moradores do Jardim São Jorge e da Ocupação Aparecidinha (zona norte).

Com muitas apresentações artísticas, a Semana da Favela terminou no domingo (7)
Com muitas apresentações artísticas, a Semana da Favela terminou no domingo (7) | Foto: Isaac Fontana/ Framephoto/ Folhapress

"Essa comemoração é importante e significativa porque traz reflexões e novos olhares para a situação das periferias. Eu costumo dizer que a pobreza sempre existiu, mas a pandemia desvelou essa desigualdade, trouxe a situação para o olho nu da sociedade. Porém a gente tem essa reflexão que é importante ser trazida com esta atividade”, destacou Lua Gomes, fundadora do Coletivo Conexões Londrina.

“Durante a pandemia, a favela não parou. Os serviços essenciais, os serviços de alimentação e os serviços de higienização dos ambientes hospitalares estão sendo feitos pela periferia. A favela não dorme. É preciso entender que a favela não é carência, mas é potência. O que existe na quebrada não é carência, mas falta de acesso a certos direitos que a população tem que ter. Isso que estamos trazendo com esse evento”, destacou Gomes.

A ação do coletivo levou intervenções de arte e de saúde. “Quando a periferia conheceu ioga, pilates e oficinas de qualificação profissional? Porque não basta ter o ofício para entender a perspectiva do empreendedorismo de maneira qualificada, que faça sentido para as pessoas. É muito importante que a gente reflita como trabalhar o empoderamento e a autoestima de quem está aqui, porque historicamente o favelado é programado para não ter fé em si mesmo. Para nós é relegado sonhar, por isso sonhar é um ato revolucionário. Isso que a gente vem trazer no evento e é isso que a Cufa vem reforçar com essas ações”, apontou.

Segundo ela, o Brasil inteiro realizou atividades celebrando o dia. “Algumas cidades realizaram só no dia 4 e outros estão fazendo por uma semana. Nós começamos na quinta- feira e estamos encerrando com oficinas culturais neste domingo. Hoje teve teatro, oficinas de arte, ioga, pilates, música ao vivo, circo apresentações teatrais, muitas atividades além do almoço comunitário, em que foram servidas 400 refeições para fomentar este movimento na periferia e trazer outras pessoas para cá que acabam se descobrindo como uma possibilidade de inserção dentro deste espaço”, afirmou Gomes.

VALORIZAÇÃO

Adriana Marcolino Cordeiro, da Associação Amigas do São Jorge, afirmou que a ação representa a valorização da favela e da comunidade. “Isso é para mostrar para as pessoas o que é a favela. Existe muito preconceito e não deve ser assim. Somos felizes, temos liberdade e trabalhamos muito. Aqui um respeita o outro e isso é importante.” Ela ressaltou que houve bastante ações trazendo corte de cabelo, distribuição de marmitas e apresentações artísticas. “Durante a semana teve qualificação profissional, com as oficinas de corte de cabelo e maquiagem para quem quer aprender a ganhar dinheiro. Também ensinaram a fazer sabão e detergente para revender. Também teve oficinas de como fazer bolos e pães. A gente fica com coração muito alegre e muito cheio. A gente não ganha nada só de ver as pessoas realizando um sonho de fazer um curso de corte de cabelo e poder trazer isso para elas, para que elas se tornem empreendedoras. Foi muito bom e o pessoal recebeu bem. Todos ficaram contentes e perguntaram quando ia ter mais”, destacou.

“A gente começou servindo jantares para a comunidade duas vezes por semana e o projeto cresceu e foram surgindo outras oportunidades. Hoje a gente atende 70 crianças, com as quais realizamos um trabalho de evangelização, e também atendemos a comunidade quando tem dificuldade, como no episódio do vendaval. Teve barraco que perdeu tudo e teve todos os móveis molhados. Somos representantes da comunidade”, destacou.

Quem quiser contribuir com o projeto pode entrar em contato com com o coletivo Conexões Londrina pelo número de WhatsApp (43) 99115-3182 (Lua Gomes).

SOBRE O DIA DA FAVELA

A data foi escolhida, porque foi neste dia que o termo favela apareceu em um documento oficial. Foi no Rio de Janeiro, em 1900, quando o delegado da 10º Circunscrição da época, Enéas Galvão, mencionou que os moradores do Morro da Providência eram favelados.A favela é um arbusto espinhento que mede entre cerca de 3 metros a 7 metros de altura. Além das flores brancas, a planta também produz frutos que contém sementes oleosas semelhantes às sementes de fava, um tipo de feijão originário do Peru. Os soldados que lutaram na Guerra dos Canudos (1896-1897), na Bahia, ficaram marcados pela planta favela, com manchas que a planta deixou no corpo deles. Após a guerra, esses soldados foram morar no Morro da Providência, região central do Rio. Isso fez com que passassem a ser chamados de favelados e o local onde moravam, como favela. O Morro da Providência é conhecido por ser a primeira favela do país.

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