Sema inicia poda e limpeza do Bosque para reduzir mau cheiro
Os trabalhos começaram na quinta-feira e devem durar cerca de uma semana
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Os trabalhos começaram na quinta-feira e devem durar cerca de uma semana
Luis Fernando Wiltemburg

A Sema (Secretaria Municipal do Ambiente) iniciou a poda de árvores no Bosque Central, numa primeira etapa para diminuir o mau cheiro característico do local e torná-lo mais aprazível para a população. O objetivo é reduzir áreas de projeções de galhos onde pombos permanecem e deixam fezes, além de retirar, num segundo momento, material orgânico em decomposição.
Os trabalhos começaram na quinta-feira (16) e devem durar cerca de uma semana, segundo o secretário da pasta, Gilmar Domingues Pereira. Entretanto, para a execução dos serviços com segurança, é necessário que o céu esteja aberto, com tempo favorável.
“As podas são para o controle das sujidades caindo nas calçadas e espaço interno do bosque. Não dá para ter um controle da população de pombos [só com esta medida], apenas de áreas de abrigo destas aves e de projeções nas vias onde caem as fezes”, explica.
Após a poda, equipes das secretarias do Ambiente e de Obras, além da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), também vão fazer a retirada da serrapilheira, camada de materiais orgânicos, como folhas secas, galhos, restos de frutas, flores e animais mortos em decomposição.
Embora exerçam a função, na natureza, de fertilizar o solo, também exalam odor – no caso do Bosque Central, também estão contaminadas com fezes dos pombos. A retirada será feita de forma manual, com rastelos, para manter mudas de pequeno porte que brotam.
Com isso, espera o secretário, devem diminuir as reclamações sobre a sujeira na área central, principalmente em trechos das avenidas São Paulo e Rio de Janeiro e algumas transversais, como a rua Piauí – que atravessa o bosque em forma de calçada.
Mas, de acordo com ele, dentro do bosque há descartes irregulares feitos pela população. “Até um tubo de televisão já achamos.”
CONTROLE DOS POMBOS
Maior desafio ambiental do centro de Londrina, o controle da população dos pombos é um transtorno cuja solução ainda está em estudo dentro da Sema. De acordo com Gilmar Pereira, equipes da secretaria estão empenhadas em buscar alternativas tecnológicas. “Este é um problema mundial. Roma investiu em tecnologia e limpeza, que é o que pretendemos fazer aqui”, afirma.
Algumas propostas já foram descartadas, como a adição de anticoncepcionais em ração. “Temos uma corrente contrária [na própria pasta], porque outras espécies também teriam acesso ao alimento, o que não seria interessante. Então, vamos atrás de outras resoluções. Temos três pessoas imbuídas apenas desta tarefa”, diz.
Enquanto isso, a proposta é manter uma equipe fixa para manutenção constante no bosque, numa ação chamada de “triplo A”: abrigo, alimento e água. Segundo Domingues, por enquanto, a estratégia é reduzir o local para que os pombos se abriguem, além da disposição de alimentos e água para as aves em áreas urbanas.
Porém, diferente de outras metrópoles mundiais, a principal espécie que infesta o centro de Londrina é a Zenaida auriculata, popularmente conhecida como amargosinha, e não o pombo das rochas, espécie exótica que se adapta bem a centros urbanos por conta das construções. “A amargosinha é de muito mais difícil controle populacional. São mais resistentes e podem sobrevoar 250 quilômetros por dia, em bandos imensos.”
Mestrando de Ciências Biológicas lotado no Laboratório de Ornitologia e Bioacústica da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Matheus Eduardo Bortolloti afirma que as ações eficazes para afastar os pombos de áreas urbanas são processos lentos, que demoram anos para ter sucesso.
Ele afirma que a amargosinha é uma espécie nativa que, assim como outras, se beneficiou do desmatamento para produção rural, que disponibilizou mais grãos para alimentação, além da redução de predadores naturais. Porém, para ele, é uma surpresa a presença em áreas urbanas, justamente porque não se alimenta de descartes de alimentos humanos, como o pombo das rochas.
Para ele, a solução “triplo A” proposta pela Sema é interessante ao diminuir abrigo nas árvores, mas também seria necessário monitorar se farelo de alimentos ou mesmo pipoca não estariam incentivando a presença na área urbana.
Aliás, não alimentar os pombos, prática comum nas praças, é fundamental para desestimular a presença em locais urbanizados, assim como verificar se não há alguma indústria de ração que possa estar beneficiando a superpopulação com vazamento ou descarte irregular.

