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. | Foto: Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo

Depois do anúncio de que professores e servidores de escolas estaduais entrarão em greve a partir do dia 25 de junho, o governador Ratinho Júnior (PSD) passou a ser pressionado por outras categorias do funcionalismo, insatisfeitas com a perda salarial, que chega a 17% e já se arrasta há quatro anos. Desta vez, policiais militares e civis discutem se irão aderir ou não ao movimento e paralisar as atividades na área da segurança pública.

Segundo o presidente do Sindipol (Sindicato dos Policiais Civis de Londrina e Região), Michel Franco, a expectativa é que a decisão saia até o final desta semana. "Queremos que o governador solucione este momento de crise que estamos vivendo. Os servidores estão pedindo apenas o que o próprio Ratinho Júnior garantiu durante a última campanha eleitoral. Infelizmente não é o que está acontecendo. O compromisso não está sendo cumprido", comentou.

A classe se reúne em Londrina na noite desta terça-feira (18) na sede do sindicato, na rua Uruguai, área central para discutir a defasagem nos salários. A deliberação também acontecerá em outras cidades do Norte do Paraná, como Cornélio Procópio, Jacarezinho e Apucarana. "A Polícia Civil do Paraná tem um efetivo abaixo de 50% do ideal. O último concurso para investigador aconteceu em 2011. Não é raro que policiais, sem nenhum tipo de remuneração, trabalhem acima da carga horária prevista em lei para a semana", criticou Franco.

O presidente da AVM (Associação da Vila Militar) do Paraná, coronel Washington Alves da Rosa, demonstrou insatisfação com a falta de consenso com o cumprimento da data-base, mas relembrou que os PMs, por força da legislação, não podem entrar em greve. A entidade representa mais de 22 mil agentes da ativa e da reserva. "Nossos profissionais, inclusive os aposentados, estão sujeitos a sanções se paralisarem as atividades. Esse não é objetivo da mobilização, até porque traria muitos prejuízos para a população. O que existe hoje é a ausência de diálogo do governo, que assumiu o Estado em janeiro e não fez literalmente nada", observou.

Segundo o oficial, "o clima está tenso nos quartéis". Durante uma reunião realizada pela AVM em Curitiba nesta segunda-feira (17), foi cogitada a possibilidade de bloquear os destacamentos militares, o que não foi totalmente descartado. "Não queremos transformar o Paraná em um Espírito Santo. Um quartel fecha e isso se repete em outros lugares, gerando um motim. Apostamos na abertura de conversa com o governador para que isso não ocorra", ponderou.

Em nota, o governo estadual pontuou que o diálogo é "único caminho" para o entendimento. "Por isso, o Governo do Paraná reafirma a intenção de manter o debate pleno com os servidores estaduais para que sejam encontradas, de maneira conjunta, soluções para as questões que envolvem aumento da despesa com a folha de pagamento do funcionalismo", acrescenta a nota.

Na última sexta-feira (14), um grupo de dirigentes do FES (Fórum das Entidades Sindicais) do Paraná foi recebido no Palácio Iguaçu e apresentou relatório da entidade sobre as contas públicas. De acordo com o governo estadual, ficou ajustado que os dados serão avaliados e as negociações permanecem abertas, de forma que possam ser encontrados pontos de consenso e interesse comum.

"Isso está mantido. A equipe do governo está trabalhando com o objetivo de encontrar um caminho de equilíbrio, que não coloque em risco as contas públicas, e não acredita que qualquer medida extrema seja o caminho a ser seguido por parte das lideranças sindicais", afirma a gestão Ratinho Júnior.