RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Ciro Francisco Bernal Agnelli, 71, foi internado no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), em São Paulo, em 7 de março, para tratar uma infecção generalizada. Embora ele já tivesse condições de voltar para casa em 20 de março, Agnelli não pode ter alta porque estava dependente de oxigênio (ele tinha uma doença pulmonar crônica obstrutiva).

A liberação do paciente dependia da UBS conseguir um equipamento para ele. O processo, que normalmente demora 14 dias, foi acelerado, mas Agnelli morreu antes, contaminado pelo novo coronavírus, provavelmente no hospital. A notícia de que o oxigênio seria instalado chegou no domingo, 29 de março, dia de sua morte.

A sobrinha Valquíria Vandeira de Melo, com quem Agnelli morava havia 13 anos, conta que, desde o início da quarentena, a família tinha sido orientada a não fazer visitas para evitar uma possível contaminação. O último contato dele com o sobrinho Wagner Agnelli Gonçalves aconteceu rapidamente, por cerca de cinco minutos, na quarta-feira (18).

Idoso, hipertenso, com problemas pulmonares e operado de um câncer de próstata em 2015, Agnelli tinha todos os requisitos do grupo de risco, mas a família acredita que a longa internação resultou em sua contaminação por Covid-19 e sua morte.

“Ele foi contaminado no hospital. Só não sabemos se foi por contato com outro paciente ou com médicos ou enfermeiros infectados”, afirma Valquíria. A família ressalta que em todo período o IBCC realizou ótimo atendimento ao paciente.​

Em nota, o IBCC afirma que, diante da pandemia, tem realizado todas as medidas preventivas preconizadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde na assistência aos pacientes internados e na proteção aos profissionais, com acompanhamento permanente da equipe de infectologia e com restrição de visitas e acompanhantes. "Apesar de todas as medidas implementadas, o risco de infecção por este agente e por outros vírus respiratórios é inerente à situação epidemiológica da comunidade e das instituições de saúde, o que dificulta a identificação do caso-fonte", diz a nota.

Como em outros casos, o enterro de Agnelli, que era técnico de informática, aconteceu sob os procedimentos recomendados pela prefeitura de São Paulo, com caixão lacrado e sem velório. Compareceram à despedida apenas o sobrinho e um amigo. Ciro completaria 72 anos em 3 de abril.