O Hospital Infantil de Londrina vive um drama para tentar preencher as escalas de pediatria no pronto-socorro. Até esta sexta-feira (13), o setor teve que ser fechado oito vezes em maio. A contagem foi feita a partir de comunicados enviados pela direção da unidade ao Samu e a Central de Leitos e Interserviços, que abrange 97 cidades da região.

Nas mensagens, que foram obtidas pela FOLHA, a enfermeira-chefe do Infantil pede que aos órgãos que fazem transferências de pacientes que "encaminhem os mesmos a outro serviço hospitalar, pois não temos condições técnicas no momento de receber e dar assistência adequada a novos casos".

A reportagem apurou que o pronto-socorro fechou temporariamente nos dias 1°, 2, 5, 6, 7, 8, 12 e 13 de maio. Os horários alternam entre manhã, tarde e noite. A suspensão geralmente dura sete horas. O hospital, que pertence à Iscal (Irmandade da Santa Casa de Londrina), atende casos de alta complexidade. O atendimento voltou ao normal na tarde desta sexta.

COBRANÇA

O problema fez com que a Secretaria Municipal de Saúde notificasse o Infantil a "tomar providências". Segundo a pasta, "os comunicados de ausência do pediatra tem sido cada vez mais frequente, dificultando o processo de encaminhamento de crianças que necessitam de atendimento em alta complexidade, e, consequentemente, sobrecarregando outro prestado e o PAI (Pronto Atendimento Infantil).

Procurada, a assessoria de imprensa da entidade se manifestou apenas por nota, que diz:

"O Hospital Infantil conseguiu resolver uma parte da escala de plantões, mas a escassez de médicos especialistas em pediatria na cidade está dificultando solucionar o problema por completo nesse momento. Independente das dificuldades, a diretoria do Hospital continua empenhada diariamente na busca de pediatras disponíveis para assumir os plantões em aberto na escala."

CAOS NO PAI

No PAI, a situação é semelhante. Depois de bastante cobrança, a Prefeitura de Londrina anunciou a contratação de uma terceirizada para preencher os plantões médicos. Segundo o acordo emergencial, a empresa Avive Gestão de Serviços Médicos deve fornecer 1.920 horas por mês para suprir a falta de pediatras.

O serviço estava previsto para começar na última terça-feira (10), mas a instituição teria preenchido apenas 36 horas do total contratado pelo Município. "Notificamos a Avive para que ela possa cumprir o que consideramos como escala ideal. É necessário organização o mais rápido possível. Estamos falando com outros hospitais para que o PAI não fique ainda mais sobrecarregado", comentou em entrevista coletiva.

A reportagem não conseguiu contato com a empresa.