São Paulo, 31 (AE) - Se depender do Departamento de Controle do Uso de Imóveis (Contru), a estréia do novo programa de Jô Soares na TV Globo não vai ser realizada no novo auditório construído nos estúdios da emissora, no Brooklin. Isso porque o órgão não liberou o uso do local. Segundo Carlos Alberto Venturelli, presidente da Comissão Integrada de Fiscalização, esta decisão será publicada amanhã (01) no Diário Oficial. A Globo informou que fará o possível para regularizar a situação na segunda-feira, e que o programa irá ao ar, mesmo gravado em outro local.
Para receber a licença de funcionamento, o habite-se deveria ter sido aprovado. Este foi indeferido porque o sistema de segurança também não foi aprovado. Não foram apresentados documentos atualizados sobre as mudanças feitas no local. "A Globo alegou que possui o habite-se, mas este é antigo, referente ao projeto inicial", disse Venturelli. "A obra sofreu mudanças que não estão notificadas", completou. Essas mudanças são a utilização de uma parte do estacionamento para ampliar o estúdio e a construção de anexos.
Ao saber da decisão, a emissora divulgou nota oficial em que afirma: "A Prefeitura mais uma vez usa a força para tentar agredir a TV Globo". E citou as denúncias que vem fazendo há mais de um ano contra a corrupção na Administração Municipal e outros casos de desentendimento, como a mudança do horário da final do Campeonato Brasileiro de Futebol de 99, "sem qualquer motivo".
O Contru rebateu: "Nossos critérios estão sendo técnicos; é comum em qualquer obra."
O Contru afirmou que, há três meses, advertiu a Racional Engenharia, responsável pelas obras, que deveria apresentar os documentos necessários. Há três dias, segundo Venturelli, a empresa foi novamente advertida mas só se manifestou "em cima da hora". Para ele, a emissora deve "dar o exemplo" e não inaugurar o auditório. Mas, mesmo irregular, a obra não corre risco imediato de interdição. "A Globo pode utilizar o local sem permissão, mas vai ter de pagar multa", diz. "A interdição só virá se for constatado risco no local", diz. "Se eles estão se sentindo prejudicados, que entrem na justiça", afirmou.