Estudantes que planejam ingressar em uma faculdade participaram, neste domingo (10), do segundo dia de provas do Enem 2024 (Exame Nacional do Ensino Médio). Os candidatos testaram os conhecimentos em matemática e ciências da natureza (química, física e biologia). Eles tiveram cinco horas para responder a 90 questões de múltipla escolha, sendo 45 questões de cada área. Em todo o Brasil, o concurso reuniu mais de 4,3 milhões de inscritos distribuídos em 1.753 municípios. No Paraná, eram 179 mil e, em Londrina, quase 12 mil candidatos se inscreveram.

Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela elaboração do Enem, este segundo dia de provas teve um índice de abstenção de 30,6%, uma pequena queda na comparação com a segunda etapa do exame em 2023, quando 32% dos inscritos não compareceram. No domingo anterior, o índice de ausentes ficou em 26,6%.

O número de eliminados, que no primeiro dia de concurso havia totalizado 4.999 candidatos, no segundo dia baixou para 1.925. Já o número de ocorrências, que inclui situações como emergências médias, interrupções temporárias de energia e problemas de abastecimento de água, subiu de 689 para 1.037. Não houve cancelamento de prova em nenhum local.

O ministro da Educação, Camilo Santana, exaltou o aumento da participação dos concluintes do ensino médio público, que saltou de 58% no ano passado para 94% em 2024, somando 1,66 milhões de estudantes.

Imagem ilustrativa da imagem Segundo dia do Enem tem abstenção de 30%
| Foto: Simoni Saris

EM LONDRINA

Os portões foram fechados às 13h30 e os estudantes tinham até as 18h30 para entregar o gabarito preenchido. A partir das 15h30, os primeiros alunos foram liberados para deixarem as salas de aplicação do exame. Alguns, bem confiantes no resultado enquanto outros admitiram ter "chutado" a maior parte das questões.

Um dos primeiros a sair do local de prova, no Colégio Vicente Rijo, Kauan Fernandes tinha um sorriso no rosto. "Hoje, contava muitos pontos para mim e creio que fui bem. Achei a prova bem tranquila, bem mais do que na semana passada. Tenho quase certeza de que vou conseguir a pontuação de que preciso para entrar na faculdade. Estou bem otimista e confiante", comentou Kauan Fernandes, que pretende cursar engenharia elétrica.

Com um perfil mais voltado à área de humanas, Gabriel Gomes de Sá Sousa teve um pouco mais de dificuldade para responder às questões deste domingo. "Não sei se fui bem. Eu chutei bastante coisa. Na semana passada, eu dei uma lida, fui um pouquinho melhor, demorei mais para fazer a prova. Mas mesmo assim, tenho esperança de conseguir entrar na faculdade", disse ele, que sonha com uma vaga no curso de educação física.

Amanda Patrocínio Daniel também disse ter respondido a maior parte das questões sem nenhuma certeza e pelo desempenho deste domingo, acredita que a vaga na faculdade de direito não será conquistada dessa vez. "Na semana passada, eu acho até que consegui ir bem, foi bem mais fácil, a prova. Hoje, achei bem difícil. Fui bem mal, chutei tudo. Mas também, eu não estudei. Mas vale como experiência. Se não der certo, a gente tenta de novo, só que aí, da próxima vez, tem que estudar."

Candidato a uma vaga na área de Tecnologia da Informação, Gustavo Felipe Camelo Proença saiu mais animado neste segundo dia de provas. "Hoje eu fui bem melhor do que na semana passada. No primeiro dia, fiquei muito mais tempo aqui para fazer as provas e acredito que acertei bem menos do que hoje. Saí com dúvida em muitas questões, não estava me sentindo preparado. Hoje, cheguei mais confiante, consegui resolver as 90 questões com tranquilidade."

No primeiro dia do Enem, os candidatos responderam a 90 questões objetivas sobre linguagens e ciências humanas e escreveram uma redação sobre os "desafios para a valorização da herança africana no Brasil".

VACINA CONTRA COVID E MICROPLÁSTICOS

Neste segundo dia de provas, as questões falavam, entre outros assuntos, sobre a vacina contra a Covid-19, saúde do professor, a reforma do estádio do Maracanã, microplásticos e uma tirinha da cartunista Laerte.

Professores avaliaram que o exame deste ano não trouxe questões com alto grau de dificuldade, mas afirmaram que a prova pode ter sido cansativa em razão dos textos longos nos enunciados. Por outro lado, foram abordadas várias situações comuns do cotidiano dos estudantes, o que pode ter facilitado a resolução.

"As questões de geometria falavam com a realidade dos alunos. Elas traziam situações, problemas que refletiam a realidade dos alunos e isso pode ter sido um facilitador na hora da resolução", disse o professor e coordenador do Elite Rede de Ensino, Wagner Araujo.

Ele apontou também que a prova trouxe questões financeiras que conversam com a realidade dos jovens. "A prova estava bem focada nisso, de trazer utilidade mesmo da matemática para o ambiente de convívio dos nossos alunos, não só deles, mas como de todos nós."

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. | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

REAPLICAÇÃO

Entre os dias 11 e 15 de novembro, os alunos que se sentiram prejudicados por alguma razão poderão solicitar a reaplicação da prova. A solicitação deve ser feita na página do Enem, na internet. As provas serão reaplicadas nos dias 10 e 11 de dezembro.

No próximo dia 20 de novembro, será divulgado o gabarito oficial das provas e até o final deste mês, será publicada a lista dos estudantes que terão direito à parcela extra de R$ 200 do programa Pé-de-Meia, referente à participação nos dois dias de provas.

O resultado final do Enem será divulgado em 13 de janeiro de 2025. O exame avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Ao longo de mais de duas décadas de existência, tornou-se uma das principais portas de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e de iniciativas como o Prouni (Programa Universidade para Todos), ambas ações do Ministério da Educação.

Instituições de ensino públicas e privadas utilizam o Enem para selecionar estudantes. Os resultados são usados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetro para acesso aos auxílios governamentais, como o proporcionado pelo Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

Os resultados individuais do Enem também podem ser usados nos processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep para aceitarem as notas do exame.

MUDANÇAS

Em entrevista coletiva na noite deste domingo, Camilo Santana anunciou que o Inep irá estudar a viabilidade de estender a abrangência do Enem a partir do ano que vem. A ideia é que haja uma convergência entre o Enem e o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). "Muitas vezes, o aluno do ensino médio prioriza o Enem. O MEC quer dar mais eficiência ao Saeb e ao Enem", explicou o ministro. Essa convergência deverá valer apenas para alunos do terceiro ano do ensino médio.

Outra recomendação ao Inep, informou Santana, é que o Enem volte a certificar os estudantes maiores de 18 anos que concluem o ensino médio.

O presidente do Inep, Manuel Palácios, disse que as propostas feitas pelo MEC são uma possibilidade de fortalecimento do Enem, que passaria não só a abrir a porta de entrada para o ensino superior, mas também para certificar a educação básica. "É extremamente gratificante e nos traz muita alegria, essa possibilidade. É um desafio fantástico que será estudado pela Diretoria de Avaliação da educação básica do Inep", afirmou. "Essa proposta vai ser discutida com todo o país. É uma colocação que consagra o Enem como um grande avaliador de desempenho da educação básica brasileira."