Secretário de Justiça do Rio é afastado
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sexta-feira, 07 de abril de 2000
Por Felipe Werneck
Rio, 08 (AE) - Envolvido em denúncias de irregularidades e suspeito de corrupção, o secretário de Estado de Justiça, Antônio Oliboni, foi afastado hoje à noite pelo governador Anthony Garotinho (PDT). Ele havia colocado o cargo à disposição durante a tarde e, no início da noite, o governador aceitou o pedido.
A decisão ocorreu no mesmo dia em que foi divulgada a denúncia de que Oliboni firmou, como advogado, em 1996, um documento com a Brasal, fornecedora de refeição para presos sob custódia da secretaria, segundo o qual receberia honorários de R$ 854 mil. Dessa quantia, R$ 754 mil seriam quitados mediante percentual de 3% sobre as vendas da comida. O fato aconteceu na administração anterior, mas aumentou a carga sobre o secretário, acusado de, como em governos que o antecederam, não licitar o fornecimento de "quentinhas" (marmitas) - um negócio de R$ 55 milhões anuais - e, pior, para um ex-cliente que lhe fez ou faz pagamentos.
Ministério Público - Em nota divulgada no início da noite, Garotinho diz que, além do afastamento, vai encaminhar na segunda-feira todos os documentos necessários ao Ministério Público do Estado para apurar se houve ou não irregularidades. Pela manhã, o governador havia atribuído todas as denúncias de corrupção contra o seu secretariado a uma "campanha difamatória" para derrubá-lo que, segundo ele, estaria sendo movida porque seu governo vem contrariando muitos interesses.
O procurador-geral de Justiça do Estado, José Muiños Piñeiro Filho disse hoje que começará amanhã a investigar as denúncias feitas contra os secretários da administração pedetista. "Estou encaminhando tudo para o Ministério Público apurar; quem agiu mal será punido não só com a perda do cargo, mas também criminalmente", garantiu o governador. "Não tentem me botar nessa panelinha de corruptos, estou fora disso."
Calúnia - Na carta enviada ao governador, Oliboni afirma que, com a decisão, pretendia "deixar o governo à vontade" para apurar o que ele considera uma "calúnia" contra sua imagem. Segundo o ex-secretário, todo o relacionamento que teve com a Brasal é anterior à sua entrada no governo.
Hoje, o ex-governador Leonel Brizola, líder nacional do PDT, deveria pedir a saída de Oliboni e do presidente da Companhia Estadual de Habitação (Cehab), Eduardo Cunha, também suspeito de cometer irregularidades Cunha é acusado, em dossiê divulgado por deputados estaduais de operar uma esquema de corrupção e superfaturamento na construção de casas populares. O deputado Hélio Luz (PT) disse que vai pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias.