Secretário critica 'novo mapa' do crime em São Paulo
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terça-feira, 18 de janeiro de 2000
Por Marcelo Godoy
São Paulo, 17 (AE) - O secretário da Segurança, Marco Vinicio Petrelluzzi, criticou hoje(17) o estudo "Um novo mapa da criminalidade da cidade de São Paulo", feito pelo Instituto Fernand Braudel. O trabalho concluiu que o planejamento do combate ao crime em São Paulo está errado, porque a secretaria trabalha com dados estatísticos que não refletem a realidade. Dessa forma, não seria possível reduzir a criminalidade.
O secretário disse que a redução da violência não será conseguida só com trabalho policial e lembrou o desemprego. "Divirjo que os instrumentos para obter esse resultado estejam só nas mãos da polícia, quando você tem uma Prefeitura que joga nossa cidade no lixo diariamente, como se isso não tivesse repercussão."
Segundo Petrelluzzi, a polícia de Nova York, por exemplo, trabalha com outros órgãos municipais. "Aqui em São Paulo isso é praticamente impossível, pois temos uma administração muito contestada."
O secretário de Comunicação Social da Prefeitura, Antenor Braido, disse hoje que Petrelluzzi se notabiliza por criticar e comentar assuntos que não conhece, como a Prefeitura e a segurança. "Instalamos 10 mil lâmpadas e até o fim do ano não haverá lugar sem iluminação na cidade."
Petrelluzzi disse que alguns índices de crimes foram ruins no começo de 1999, mas, de lá para cá, melhoraram. Ele afirmou ter adotado mudanças que não foram feitas pela equipe anterior - uma crítica aos autores do estudo, o coronel José Vicente da Silva Filho e o estatístico José Peres Netto, que trabalharam na gestão anterior. "Se há uma providência que foi tomada por este governo e quem estava aqui na gestão anterior não teve competência para fazer, embora o então secretário José Afonso quisesse, foi a compatibilização das áreas das delegacias com as das companhias da Polícia Militar."
Segundo ele, com a medida, o planejamento está sendo feito de acordo com o número de ocorrências informadas à secretaria em tempo real. A cada ocorrência feita numa delegacia, uma cópia vai por computador à secretaria. Com esses dados, há reuniões com delegados e oficiais de cada área para determinar prioridades. "O coronel é bom para ter idéias; não sei se ele é bom para aplicá-las." O secretário disse que reforçará o policiamento territorial e manterá os setores especializados da polícia.
Para Petrelluzzi, combater a violência levando em conta o número de crimes por habitantes de uma cidade ou bairro é não considerar a população flutuante - isso cria distorções, como fazer a Praia Grande ter um grande índice de crimes. A secretaria trabalha com número absolutos.