Saúde retoma produção de remédios contra Aids
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005
Folhapress
São Paulo - O secretário de Vigilância Sanitária em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, disse ontem que a produção nacional dos remédios utilizados no tratamento da Aids será retomada na próxima sexta-feira. ''A partir da próxima semana, já teremos o abastecimento totalmente regularizado'', assegurou o secretário, em entrevista à Rádio Nacional AM. As informações são da Agência Brasil.
Barbosa disse que a falta de medicamento em alguns Estados do País, principalmente em São Paulo, foi provocada pelo atraso de 60 dias no fornecimento da matéria-prima por um laboratório indiano. Segundo o secretário, grande parte do material foi entregue na semana passada e o restante será enviado ainda esta semana.
Para garantir o fornecimento de antirretrovirais aos pacientes enquanto a produção nacional não é normalizada, o Ministério da Saúde importou mais de 3,8 milhões de comprimidos da Argentina. Mais um milhão de comprimidos chegaram ontem ao País, num total de 4,85 milhões de cápsulas dos antirretrovirais Zidovudina (AZT), Lamivudina (3TC), Indinavir e Atazanavir.
Segundo o secretário, o custo desse carregamento é equivalente a 1% do gasto do governo federal com os antirretrovirais, ou seja, cerca de R$ 6 milhões. O pagamento poderá ser feito em dinheiro ou com o envio de medicamentos, dependendo da decisão da Argentina.
Barbosa disse que o atraso na produção de medicamentos não comprometeu o tratamento dos portadores do HIV. ''O ministério orientou a rede de assistência aos pacientes para aqueles que têm uma situação clínica mais grave para que houvesse de imediato a substituição por outras drogas antirretrovirais de maneira que eles não tivessem nenhum tipo de prejuízo'', explicou.
Atualmente, o Brasil produz os medicamentos com matéria-prima importada. O secretário defendeu a necessidade de o Brasil se tornar auto-suficiente na produção da matéria-prima. Segundo ele, 150 mil pacientes fazem uso de antirretrovirais que são distribuídos gratuitamente pela rede pública de saúde. Em 2005, a projeção é que esse número cresça para 180 mil.
''Os gastos que nós temos com antirretrovirais vão crescer de cerca de R$ 600 milhões para perto de R$ 900 milhões em 2005 porque, além do crescimento do número de pacientes, nós estamos incluindo todos os medicamentos, mesmo aqueles moderníssimos'', afirmou Barbosa. Desde o ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem oferecido uma linha de crédito específica, o Profarma, para o fortalecimento da indústria nacional de medicamentos.
O secretário avalia que a falta da matéria-prima dos antirretrovirais no mercado mundial se deve ao aumento na oferta desses medicamentos em vários países.