Saúde libera os 6 primeiros genéricos
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 03 de fevereiro de 2000
Agência Estado
Do Rio
Os nomes dos seis primeiros remédios genéricos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVS) serão publicados hoje no Diário Oficial da União (DOU), conforme anunciou ontem o ministro da Saúde, José Serra, no Rio. Os medicamentos liberados são Cefalexina (que substitui o antibiótico Keflex), Ampicilina (substituto do antibiótico Binotal), Raniditina (antiácido, Antak), Salbutamol (xarope antiasmático, Acrolin), Cetoconazol (antiinfeccioso vaginal, Nisoral) e Furosemida (diurético, Lasix).
Os cinco primeiros devem chegar às farmácias num prazo de duas ou três semanas e o último só estará disponível em hospitais por ser injetável. Todos deverão custar entre 30% e 55% mais barato que os remédios de marca que serviram de modelo. O anúncio foi feito pelo ministro durante visita a Sociedade Viva Cazuza, que é financiada em parte por verbas federais. Serra explicou que os prazos e os preços foram fornecidos pelos dois laboratórios que fabricam os remédios, o A.M.S., de Hortolândia, em São Paulo, e Teuto, de Goiás.
Não houve um critério específico para a liberação destes remédios, mas estes foram os laboratórios mais ágeis no processo de liberação dos genéricos, explicou o ministro. Existem outros 170 em fase de teste na ANVS e o processo não é muito longo. De acordo com José Serra, os hospitais federais e os conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS) serão orientados para comprar esses remédios no lugar dos originais. Além disso, o ministério fará uma campanha junto à Associação Brasileira de Medicina e aos sindicatos dos médicos para que eles receitem, preferencialmente, os genéricos.
Por enquanto, ressaltou o ministro, os laboratórios multinacionais, os maiores do País, ainda não se interessaram pela fabricação de genéricos, mas ele acredita que, com a pressão do mercado, o interesse fatalmente surgirá. Queremos chegar no nível dos Estados Unidos, onde os genéricos ocupam 40% do mercado, disse. Para sua aprovação nos baseamos também na legislação americana e canadense, que é rigorosíssima.
Segundo o ministro, os testes não têm prazo pois cada caso deve ser analisado separadamente. Quando um laboratório se candidata a fabricar um genérico, a ANVS faz testes com o princípio ativo da droga em questão, dependendo do caso até em seres humanos, para ver se seu efeito corresponde exatamente ao do medicamento usado como modelo.
Os dois laboratórios que tiveram seus medicamentos aprovados deram entrada com o processo em outubro do ano passado e essa liberação não demorou tanto tempo, contou Serra. Pelo tamanho dos laboratórios sabemos que eles têm condição de suprir o mercado nacional.
O ministro disse também que a aprovação ou não dos genéricos dependerá da aceitação do público e da confiança que ele depositar no medicamento. Para isso, todos serão vendidos com um selo de aprovação da ANVS, para evitar falsificação. Estamos vindo de um grave problema de falsificação de remédios e teremos todo o cuidado para que isso não se repita com os genéricos, avisou Serra. Como é um medicamento novo, com embalagem desconhecida, o cuidado deve ser redobrado.
Serra explicou também que seis laboratórios públicos estão empenhados na fabricação dos remédios e garantiu que o fato de muitos de seus componentes serem importados não dificultará a fabricação a preços mais baixos que os originais. Na análise da composição de vários medicamentos, conclui-se que a matéria-prima importada só influi 10% no preço final, explicou. O bom de ser economista nestas horas é que não sou enganado por outros economistas que tentam provar o contrário.