São Paulo aposta na tecnologia para inserção global2/Mar, 15:40 Por Rita Tavares São Paulo, 2 (AE) - O sequenciamento genético da bactéria causadora do amarelinho, doença que afeta as plantas cítricas, que transformou São Paulo em líder internacional nesse ramo de pesquisa, é uma evidência de que o governo do Estado aposta na tecnologia de ponta como um diferencial vital para competir na economia globalizada. A avaliação é do secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, José Aníbal, falando à Agência Estado. A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que articulou o trabalho de 50 laboratórios no sequenciamento do genoma, já foi procurada por um representante de um setor agrícola dos Estados Unidos que pediu um orçamento para pesquisar um outro parasita. Essa convergência entre tecnologia e mercado, segundo Aníbal, será fundamental para garantir o desenvolvimento paulista à medida que a competição entre países cresce. "Nós temos a base para o desenvolvimento tecnológico que está na fronteira do conhecimento e podemos transferir isso para as empresas que tenham interesse", disse Aníbal. Para isso no mês que vem, o governo do Estado vai anunciar o lançamento de uma "Central de Tecnologia" que vai oferecer aos investidores nacionais e estrangeiros, instalados em São Paulo, acesso às pesquisas das universidades e instituições de pesquisa do Estado. "São Paulo tem essa vantagem comparativa, e também competitiva, em relação aos outros Estados e América do Sul", avaliou Aníbal. De acordo com ele, outros Estados, como o Rio de Janeiro, já procuram a Fapesp interessados em integrarem seus laboratórios à rede de pesquisa. O sequenciamento genético da cana-de-açúcar, que está em andamento, é um projeto que vem despertando a atenção de Estados da região Nordeste, segundo o secretário. Simultaneamente à "Central de Tecnologia", o Estado estará montando uma "Central Digital para o Desenvolvimento" que terá a missão de reunir informações sobre as condições socio-econômicas de São Paulo para o investidor. Pela Internet, o empresário, que estiver interessado em instalar-se em uma das cidades paulistas, terá acesso dados sobre mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, potencial de mercado, e outras informações. São iniciativas que demonstram a preocupação de São Paulo de reocupar um papel que já teve, como pioneiro no desenvolvimento tecnológico na América do Sul. "Temos de reassumir esse papel", admitiu Aníbal. Além da recessão econômica, a falta de políticas de incentivo à pesquisa e a "abertura precipitada" da economia são causas, citadas pelo secretário, pela fragilização do Estado. Nessa estratégia, Aníbal acredita que a Fapesp produzirá outras contribuições ao mercado, além do sequenciamento genético da bactéria que causa o amarelinho. A Fundação tem um orçamento de R$ 400 milhões neste ano e as três universidades de São Paulo - USP, Unicamp e Unesp - estão mais abertas a uma integração com o mercado. "Afinal, o mundo mudou e há uma melhora acentuada da percepção da necessidade dessa convergência", disse.