Russos tentam repelir ataques rebeldes em meio a alto número de mortos
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2000
NOVYE ATAGI, Rússia, 10 (AE-AP) - Forças russas lutavam nesta segunda-feira (10) para manter duas importantes cidades em meio a violentos ataques dos rebeldes chechenos enquanto Moscou admitiu pela primeira vez um alto número de baixas em suas fileiras.
O Ministério do Interior russo admitiu que as forças federais sofreram pesadas baixas - 26 soldados mortos e 30 feridos em apenas 24 horas - em um contra-ataque lançado domingo pelos rebeldes chechenos nas cidades de Argun, Shali e Gudermes.
Essas cidades foram conquistadas pela Rússia em dezembro e ficam em um raio de 40 quilômetros da capital, Grozny.
A divulgação de um número tão grande de vítimas dá a dimensão da recente guinada na guerra na república separatista da Chechênia, já que os militares russos insistiam nas últimas semanas não ter mais de uma ou duas baixas diárias.
O alto comando russo na região estimou que cerca de 2.500 rebeldes tomaram parte na ofensiva de domingo. A Rússia mantém cerca de 100.000 soldados na Chechênia e dispõe de um arsenal imensamente superior ao dos chechenos.
O Ministério da Defesa garantiu ter repelido o contra-ataque, mas as agências de notícias locais e internacionais informaram que os combates continuam intensos em Argun e Shali.
O general Viktor Kazantsev, comandante das forças russas na Chechênia, disse que seus homems rechaçaram um ataque de cerca de 300 rebeldes em Argun. Ele também negou que os guerrilheiros tenham tomado vários reféns em uma escola em Gudermes - conforme divulgaram as agências russas.
Líderes rebeldes disseram manter o controle de Argun e a agência russa Interfax informou no fim do dia, com base em fontes militares, que tropas federais estavam cercadas no edifício da prefeitura de Shali.
"Vladimir Putin (o presidente interino da Rússia) vai implorar-nos a paz", afirmou um dos chefes da guerrilha, Salanbek Aduyev. "Nosso objetivo não é tomar cidades, senão infligir o maior número de baixas possível e, depois, ir embora", explicou o porta-voz da presidência chechena, Said Selim Abdulmuslimov. "Vamos dificultar os movimentos dos russos
armar emboscadas para os veículos blindados e atacá-los em todo o território."
Demonstrando irritação com a situação, o ministro da Defesa, Igor Sergeyev, anunciou hoje a retomada dos bombardeios contra Grozny, suspensos sexta-feira supostamente para permitir a retirada de civis e "evitar uma catástrofe ecológica" - os russos acusam os chechenos de usar armas químicas.
Analistas militares dizem, porém, que o objetivo da trégua era reavaliar a estratégia na Chechênia. Os combates também foram intensos hoje em Grozny e nas montanhas do sul, onde ficam as bases guerrilheiras.

