Russos buscam soldados que caíram em emboscada na Chechênia
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quarta-feira, 29 de março de 2000
URUS-MARTAN, Rússia, 30 (AE-AP) - As tropas russas desencadearam hoje (30) uma grande operação para localizar 33 soldados desaparecidos na quarta-feira numa emboscada dos guerrilheiros chechenos contra uma unidade de elite, perto da aldeia de Jani- Vedeno, no sul da Chechênia. Grupos de resgate encontraram com vida os 16 soldados remanescentes do comboio atacado. Um dos sobreviventes disse ter visto pelo menos três soldados mortos. Outros 20 militares, integrantes de um comboio de 107 homens enviado ao local para socorrer os emboscados, ficaram feridos e foram hospitalizados.
"A área está cercada por um batalhão de pára-quedistas e tropas do Ministério do Interior", afirmou o porta-voz do Kremlin para assuntos da Chechênia, Serguei Yastrjembski, ao confirmar a notícia da emboscada.
As Forças Armadas bombardearam intensamente hoje a região e tentavam bloquear os rebeldes - cerca de 150 chefiados pelo comandante Ruslan Guelayev, segundo fontes militares. Com a ação, as forças chechenas mais uma vez expuseram a vulnerabilidade dos militares russos - muito mais numerosos e bem equipados - na área montanhosa do sul da Chechênia, na qual se concentraram após ser expulsas das demais regiões do território, quase todo tomado pelas tropas federais.
O ministro do Interior, Vladimir Rushailo, admitiu que a situação na república separatista "não é simples" e requer constante atenção das tropas, mas manteve o tom triunfalista dos militares, que dão a guerra como ganha. "A região está totalmente sob controle, incluindo os distritos do sul, apesar da contínua ação de comandos rebeldes sobreviventes", disse Rushailo. Em declarações confidenciais, no entanto, muitos altos oficiais prevêem que a luta ainda pode levar meses.
A Rússia iniciou a ofensiva terrestre na Chechênia em outubro, depois que grupos rebeldes chechenos invadiram a vizinha república russa do Daguestão com a finalidade de ali instalar um Estado islâmico. Além disso, o Kremlin responsabilizou os separatistas por uma onda de atentados que matou quase 300 pessoas em várias cidades russas, embora os rebeldes nunca tenham assumido a autoria desses ataques.