Grozny, 02 (AE-AP) - Os militares russos acusaram neste domingo (02) os rebeldes chechenos de usar bombas contendo cloreto e amônia tóxicos para deter seu avanço em Grozny, capital da república separatista da Chechênia.
As armas químicas teriam sido detonadas durante a noite de sábado e manhã de domingo perto das posições russas no leste da cidade, mas fortes ventos desviaram a nuvem tóxica para o centro de Grozny, controlado pelos rebeldes.
A informação foi divulgada pela agência russa Itar-Tass, com base em fontes no QG russo na região. É a terceira vez que a Rússia denuncia o uso de produtos químicos pelos rebeldes.
De acordo com a Itar-Tass, esse tipo de ataque põe em perigo os civis que ficaram na cidade - de 10.000 a 35.000, segundo o governo russo - e não afeta as tropas russas, equipadas para enfrentar armas como essas.
As forças chechenas também já acusaram em várias ocasiões os russos de usar armas químicas. As denúncias de ambas as partes não foram confirmadas por fontes independentes.
Especialistas em armamentos desativaram hoje uma bomba encontrada numa mesquita na república russa da Ingushétia, vizinha da Chechênia, no norte do Cáucaso. Se tivesse explodido, teria matado dezenas de pessoas que iriam orar hoje (este é mês do ramadan, sagrado para os muçulmanos).
O governo federal teme uma nova onda de atentados terroristas como a que matou quase 300 pessoas nos meses de agosto e setembro em várias cidades do país - atribuída pelo Kremlin aos rebeldes chechenos. As repúblicas da Ingushétia e do Daguestão têm sido palco de ações extremistas desde a primeira guerra na Chechênia, de 1994 a 1996.
Combates - A ofensiva de Moscou para tomar a capital chechena, Grozny, entrou hoje em sua segunda semana sem que as forças russas, em clara vantagem em homens e armamentos, tenham conseguido desalojar os rebeldes de suas posições no centro.
A aviação e a artilharia continuam bombardeando a cidade, bem como as bases guerrilheiras nas montanhas do sul da Chechênia.
Pára-quedistas russos conquistaram sábado áreas estratégicas perto do vilarejo de Vedeno, de onde podem agora posicionar a artilharia. Além disso, tomaram uma grande quantidade de armas e munições.
Líderes chechenos disseram hoje que muitos civis estão encurralados nos vilarejos nas montanhas e não têm como partir em busca de um refúgio seguro por causa dos contínuos bombardeios. Há também escondidos na região centenas de moradores de Grozny que fugiam em direção à Geórgia - o único país com o qual a Chechênia faz fronteira.
O administrador da aldeia de Rodina, não muito distante de Grozny, Ramzan Bisiyev, estava tentando negociar hoje com as autoridades russas a criação de um corredor seguro para os civis.
"Em desespero, as pessoas vão para as florestas, pelas trilhas nas montanhas, e ficam sob o fogo da artilharia. Há uma porção de corpos na mata", disse Bisiyev.