Rio, 27 (AE) - Os médicos que atenderam o economista e diplomata Roberto Campos, internado neste fim de semana, depois de sofrer crises de hipoglicemia (falta de açúcar no organismo) e hipertensão, divergiram hoje sobre o estado médico do paciente. O cardiologista Sérgio Novis afirmou que, por causa das duas crises, ele sofreu uma "pequena isquemia cerebral", mas estava bem. Mas a notícia não foi confirmada pelo médico particular de Campos, Cézar Benjó.
"A informação não procede", afirmou Benjó, sobre a notícia da isquemia, divulgada na tarde de hoje pelo canal de TV a cabo Globonews. Mas o boletim divulgado na tarde de hoje pela Clínica São Vicente, assinado por Benjó, Novis e o médico Paulo Niemeyer Filho, informou que as crises tiveram "repercussões vasculares cerebrais".
Campos foi transferido à tarde para a clínica, na Gávea, na zona sul, vindo do Prontocor, na Tijuca, na zona norte, onde estava desde ontem (26), quando sofreu as duas crises. As causas para a transferência do economista apontadas por Benjó e Novis também são discordantes. O médico particular de Campos afirmou que o ex-deputado precisava realizar novas tomografias, com equipamento que a Prontocor não tem.
Mas Novis informou que a transferência foi feita a pedido dos familiares para que ele tivesse tratamento mais adequado.
Segundo o boletim assinado pelos três cardiologistas, o estado de saúde do economista era "estável", mas ele continuava em observação médica permanente. Outro comunicado divulgado anteriormente, de manhã, pelo Prontocor, informou que a tomografia no crânio realizada ontem não mostrou alterações, e os sinais vitais do economista eram estáveis.
Campos sofre de diabetes. O economista está sendo acompanhado pelos dois filhos, Roberto Júnior e Sandra Campos. Mais conhecido e tradicional defensor do liberalismo no Brasil, o economista foi ministro do Planejamento, senador pelo Mato Grosso, deputado federal, embaixador em Washington, nos Estados Unidos, durante o governo Juscelino Kubistchek, e em Londres, na Inglaterra, no governo do ex-presidente Ernesto Geisel. Nas últimas eleições, ele candidatou-se a senador pelo Rio, mas foi derrotado por Saturnino Braga (PDT).