Rio, 05 (AE) - Mais um caso de meningite menigocócica foi registrado hoje no Rio. A paciente é uma menina de 9 anos, cujo nome não foi divulgado, que está internada no Hospital São Sebastião, em Campo Grande, na zona oeste da cidade, bairro onde ela mora. A menina passa bem, mas sua família também foi medicada para evitar a transmissão da doença. Ao todo, são cinco casos (e três mortes) em cinco dias este ano, contra 22 (com cinco mortes) em janeiro do ano passado e o mesmo tanto em dezembro passado. Apesar disso, as autoridades sanitárias ainda acham cedo para se falar em surto ou epidemia. Os três primeiros casos do ano aconteceram na Rocinha, na Barra da Tijuca, em Bangu, bairros da zona oeste da cidade. As vítimas eram crianças e morreram poucas horas depois de internadas. O quarto caso, uma mulher de 43 anos, moradora do Encantado, na zona norte, foi registrado em Saquarema, na Região dos Lagos, onde ela passava o fim do ano. A mulher está no Hospital Bacaxá desde sábado e já apresenta melhora. O quinto foi diagnosticado hoje de manhã.
A coordenadora de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Mari Baran, diz que esses números merecem atenção, mas não caracterizam surto (quando os casos ocorrem numa área pequena) ou epidemia (quando ocorrem numa área grande ou em vários lugares). Ela explica que as duas situações só ocorrem se houver mais registros que a média dos meses anteriores, durante três ou mais meses seguidos. "Por enquanto, medicamos as pessoas que têm contato com os doentes", disse Mari.
Com ela concorda a diretora do Centro de Pesquisa Evandro Chagas, Keila Marzochi. O hospital é a unidade especializada em doenças infecto-contagiosas da Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz. Segundo Keila, a meningite bacteriana (a meningocócica é uma delas) é mais grave que a adquirida por vírus, mas ainda é cedo para se falar em surto ou epidemia. "O problema é que a doença não tem prevenção possível e pode levar à morte, apesar de seu tratamento não ser complicado", argumentou. "A única profilaxia é vacinar, ou medicar as pessoas que têm contato com o doente, mesmo que não haja sintomas". Sintomas - A meningite atinge mais crianças e idosos e tem como sintomas febre, rigidez na nuca, vômitos, errupções hemorrágicas na pele, convulsões e alterações de consciência. Para detectar a origem da doença é preciso fazer o exame laboratorial do liquor do paciente e, uma vez constatada a causa, vacinar todas as pessoas que tiveram contato com ele ou dar-lhe o antibiótico rifanpicina, o único que combate o mal. "Como todo antibiótico, exige orientação médica para a bactéria não criar resistência", avisa Keila.
O maior problema da meningite é que cerca de 10% das pessoas são portadoras do vírus ou bactéria que as causam, durante um tempo determinado, sem ter qualquer sintoma. Essas pessoas podem transmití-la a outras que, com baixa imunidade, têm a doença que pode matar em poucas horas. Por isso, quanto mais precoce o diagnóstico, mais rápida a cura. Porém, em alguns casos, como os três primeiros desse ano, a doença pode ser fatal mesmo assim.