Residentes protestam contra atraso no pagamento de bolsas
Residentes de todo o País decidiram aderir à Mobilização Nacional em Defesa das Residências em Saúde
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 15 de maio de 2020
Residentes de todo o País decidiram aderir à Mobilização Nacional em Defesa das Residências em Saúde
Vitor Struck - Grupo Folha
Os desafios de estarem afastados dos familiares e os riscos à saúde trazidos com a pandemia de coronavírus aos profissionais que atuam nos hospitais de referência, como o HU (Hospital Universitário) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), não têm sido as únicas fontes de preocupação para quem está na linha de frente. Sem receber bolsa-auxílio há dois meses, residentes de todo o País decidiram aderir à Mobilização Nacional em Defesa das Residências em Saúde.
Nesta sexta-feira (15), em Londrina, um grupo de profissionais da equipe de Saúde da Mulher do HU esteve no Calçadão para protestar contra o que consideram uma falta de respeito por parte do Ministério da Saúde, que apontou erros nos cadastros como motivos para o atraso nos pagamentos.
Sem receber a bolsa desde março, o educador físico e residente da equipe de Saúde da Mulher Vinicius Santos de Oliveira, 27, conversou com a FOLHA. Natural de Cambé, Oliveira mora em Londrina e depende exclusivamente da bolsa-auxílio para pagar as contas. “Até então algumas pessoas receberam só a de abril, com atrasos, outros receberam as duas com atrasos, e alguns não receberam até agora”, explicou.
Em situação parecida encontra-se a farmacêutica Gabriela Peruchi, 25, que veio de Palmeira D'Oeste (SP), a mais de 400 quilômetros de Londrina, para cursar a residência no HU. “Eu me mantenho totalmente com a bolsa. É uma preocupação que não deveríamos ter e agora estamos com contas atrasadas. A dedicação que seria 100% aos pacientes, você agora perde tempo atrás disso, é complicado”, lamentou.
Em todo o País, cerca de 4 mil residentes de Medicina, Enfermagem, Psicologia e outras áreas da saúde, cujo pagamento da bolsa-auxílio se dá diretamente pelo Ministério da Saúde, relatam o mesmo problema. O Governo Federal já havia divulgado que 4.199 cadastrados apresentaram inconsistências nas informações transmitidas. Entretanto, 2.870 cadastros já teriam sido regularizados e 1.329 ainda constariam com erros.
De acordo com a coordenadora das residências multiprofissionais do HU, Joice Cruciol, além do educador físico Vinicius Oliveira, dois residentes de Medicina, sendo um de Psiquiatria e outro de Ortopedia, também estão sem receber desde o primeiro mês do programa, em março.
Além deles, outros cinco residentes da equipe de Saúde da Mulher estão sem receber e 16 profissionais inscritos no Programa Brasil Conta Comigo deixaram de receber as bonificações. A Coordenadoria também relata que atrasos vêm ocorrendo com profissionais que atuam na Santa Casa de Londrina, no HU da UEM (Universidade Estadual de Maringá) e em Apucarana.
Alguns residentes também informaram que não conseguiram obter o passe livre, suspenso pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) após a paralisação das aulas. Questionada, a assessoria de comunicação da Companhia disse que já atendeu a um ofício encaminhado pela Pró-Reitoria de Recursos Humanos da UEL e autorizou a liberação do passe livre aos estudantes de pós-graduação e residências da universidade.