A usina hidrelétrica Chavantes está com apenas 13,85% de seu volume
A usina hidrelétrica Chavantes está com apenas 13,85% de seu volume | Foto: Raylton Alves / Banco de Imagens ANA

O reservatório da hidrelétrica de Chavantes, que fica na divisa entre o Paraná e Estado de São Paulo, acumula um volume de água de apenas 13,85%. O local, que recentemente adotou o título de Angra Doce, tem sofrido com o baixo volume de água no local. A Secretária Municipal de Turismo e Meio Ambiente de Ribeirão Claro (Norte Pioneiro), Daiane Palmonari, ressaltou que o nível está bem crítico. “Fui à região nesta sexta-feira e um senhor que possui uma casa de veraneio disse que comprou a propriedade em 1991 e nunca viu uma seca tão grande. Em alguns lugares, onde era possível mergulhar, hoje é possível só molhar os pés. Virou um espelho d’água”, destaca. Palmonari ressalta que recentemente a região foi transformada em uma área de interesse turístico chamada Angra Doce. “É o único projeto desse tipo na região. Mas se não tiver água, como poderá ser chamada de Angra Doce? Precisamos ter água. Nós entendemos a necessidade de geração de energia, mas por mais que tenha chovido nos últimos dias, o nível da represa Chavantes não tem aumentado”, destaca.

Embora admita que a represa foi construída pensando na geração de energia, Palmonari ressalta que a inundação da região para a construção da represa fez com que várias pessoas perdessem as propriedades e buscassem na exploração turística como uma fonte de renda. “Aqui temos oito resorts com estrutura que não vemos em outro lugar na região. Temos também várias casas de veraneio e pousadas. Esse volume baixo do reservatório nos assusta muito. Estamos fazendo reunião com outros municípios da região para ver se colocamos uma cota mínima de 33% do volume de água a ser deixada no reservatório. Fomos atrás dos órgãos responsáveis para amenizar a situação crítica”, destaca.

A usina hidrelétrica Chavantes fica entre os municípios de Chavantes (SP) e Ribeirão Claro (PR) e tem uma capacidade instalada de 414MW. Localizada no Médio Paranapanema, o reservatório tem uma capacidade de armazenar 3,04 trilhões de litros.

Cada reservatório possui um regime de operação que estipula o volume de água que entra no reservatório (vazão de afluência) e que sai do reservatório (vazão de defluência). Neste sentido, se há entrada de água maior do que liberada, a tendência é que os reservatórios aumentem seus níveis de armazenamento. Para reduzir o problema, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) anunciou o aumento da vazão mínima da hidrelétrica de Jurumirim (SP), que está a montante (acima) de passando de 60 para 100 m³/s, a partir de sexta-feira (10), para aumentar as condições de recuperação do volume do reservatório da hidrelétrica de Chavantes. O anúncio foi realizado na Sala de Crise do Paranapanema, que se reuniu na sexta-feira (10), na sede da ANA (Agência Nacional de Águas), em Brasília, para avaliar as condições de armazenamento dos reservatórios da bacia do rio Paranapanema.

Atualmente Jurumirim está com um volume útil de 31,86%. Os reservatórios de Capivara (PR/SP), também na calha do rio Paranapanema, e Mauá (PR), no rio Tibagi, estão respectivamente com 42,69% e 36,26% de seus volumes úteis. Devido à baixa acumulação de Chavantes, o reservatório de Jurumirim será utilizado por estar a montante (acima). Em 9 de janeiro de 2019, as hidrelétricas de Jurumirim, Chavantes, Capivara e Mauá acumulavam respectivamente 17,27%, 18,84%, 41,61% e 20,67%.

Segundo os representantes da ONS durante a reunião na Sala de Crise do Paranapanema, as vazões dos afluentes estão baixas em várias bacias e consequentemente os níveis de armazenamento de água estão baixos. “Tivemos forte redução da energia eólica no Nordeste, de oito mil megawatts para mil megawatts. As regiões Nordeste e Sul estão altamente importadoras de energia e têm que puxar isso da região Sudeste. Nos últimos dias estamos tendo elevação da temperatura e elevação do consumo de energia, principalmente nas capitais, senão não conseguimos atender o suprimento de energia elétrica para atender o sistema interligado nacional de energia”, destacou o informe do representante da ONS.

De acordo com a análise realizada na reunião, na bacia do Paranapanema só o mês de junho teve chuva acima da média, principalmente nas bacias de Mauá. Nesse período as vazões se elevaram 147%. “Nos demais meses do ano ficaram com vazões dos afluentes muito abaixo da média. Dezembro foi o mês mais favorável, mas ficamos com estoque de água mais baixos”, destaca.

Durante o encontro também foi divulgada a previsão do tempo para a região, que estima que a chuva deve estar um pouco acima da média na bacia do Paranapanema na próxima semana. Embora os modelos tenham problemas para prever a quantidade de chuva, os valores previstos, em torno de 130 mm, estão acima da média histórica. “Na próxima semana teremos chuvas acima da média e depois do sétimo dia a chuva tende a diminuir para uma faixa em torno de 10 mm. A região do Paranapanema é uma das que vai mais ganhar umidade do solo nas próximas semanas.

Além da ANA e do ONS, participaram da reunião representantes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), CTG Brasil, CBH-Alpa (Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema), CBH-PP (Comitê da Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema), Votorantim Energia e CBH- Paranapanema (Comitê da Bacia do Rio Paranapanema).

A próxima reunião da Sala de Crise do Paranapanema está marcada para a próxima sexta-feira, 17 de janeiro.