Rio, 02 (AE) - O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do RJ (Crea-RJ), José Chacon de Assis, afirmou hoje que os relatórios sobre o desastre ambiental na Baía de Guanabara preparados por duas especialistas estrangeiras
contratadas pela Petrobras e pelo Governo do Estado, "não têm validade legal". Chacon disse que deverá encaminhar ao Ministério Público documentos requerendo uma investigação sobre essa questão.
"Não há legalidade em relatórios preparados por estrangeiros e estamos estudando a possibilidade de remeter documentos ao Ministério Público para propor uma ação contra o Estado e a Petrobras", afirmou. A engenheira química Karen Burnel, de uma empresa britânica especializada em recuperação de danos ambientais causados por vazamentos de petróleo, foi contratada pela Petrobras para elaborar um laudo sobre o vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, no dia 18.
Jaqueline Michel, que é presidente da empresa Resarch Planning, dos EUA, também especialista em recuperação de desastres ecológicos, foi contratada pelo governo do Estado e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
"Segundo a legislação, nada do elas fizeram tem validade, foi só falação", disse Chacon. "É uma vergonha, porque temos no País profissionais de competência técnica; os estrangeiros não entendem nada da situação tropical, isso é fruto de um pensamento colonialista"
Relatório - O presidente do Crea informou que o relatório do órgão sobre o desastre ambiental na baía deverá ser concluído em 25 dias. Hoje foi realizada na sede do Crea uma audiência pública para discutir a questão. Segundo Chacon, o acidente provocou a sedimentação de óleo no fundo da baía que "vai demorar mais de 20 anos para desaparecer".