São Paulo – O colégio que foi alvo do maior atentado contra uma unidade pública de ensino da rede paulista ganhou cara nova. As obras na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, cidade da Grande São Paulo, duraram seis meses e foram finalizadas no final do mês de abril.

O movimento de alunos, professores e pessoas de fora da escola de Suzano será monitorado por agentes de segurança
O movimento de alunos, professores e pessoas de fora da escola de Suzano será monitorado por agentes de segurança | Foto: Zanone Fraissat/Folhapress/9-3-2020

Os alunos e os professores, porém, não conhecerão as novas estruturas porque as aulas presenciais no estado estão suspensas por causa da pandemia do novo coronavírus.

O cronograma inicial previa a entrega do colégio reformado no final do mês de março, o que não aconteceu, segundo Rossieli Soares, secretário de Educação de São Paulo, por causa das chuvas.

Além de novos blocos, de arquitetura típica de escola pública, a reforma buscou dar uma nova roupagem aos espaços em que alunos e funcionárias foram mortos a tiros.

Naquele 13 de março de 2019, o ex-aluno Guilherme Taucci, 17, e Luiz Henrique de Castro, 25, entraram no colégio armados e executaram o atentado no estilo dos ocorridos nos EUA. Eles aproveitaram o intervalo das aulas e mataram a tiros cinco estudantes e duas funcionárias; antes de chegarem à escola, haviam matado um empresário, tio de Guilherme.

Ao final do massacre e percebendo a chegada da polícia, Guilherme matou seu comparsa e se suicidou. Outros 11 estudantes saíram feridos do massacre.

O movimento de alunos, professores e pessoas de fora da escola será monitorado por agentes de segurança e por um sistema de câmeras.

Antes da pandemia, os cerca de 1.072 estudantes foram alocados em salas do campus da Faculdade Piaget, distante a cerca de 1 km da Raul Brasil.

Em entrevista na época em que o massacre completou um ano, Rossieli disse que a pasta da educação trabalha em duas frentes: na escuta dos alunos e na aplicação de projetos pró-segurança.

Um questionário respondido por 1 milhão de estudantes da rede em novembro de 2019 detectou, por exemplo, que o maior problema enfrentado por crianças e adolescentes é o cyberbullying, um assédio virtual praticado contra uma pessoa por meio de plataformas on-line.

Os demais resultados da pesquisa, ainda não divulgados, servirão de base para estruturar o Conviva SP, programa que prevê atacar ocorrências de automutilação e suicídio entre os estudantes.

Pensando na saúde mental dos professores, a secretaria planeja contratar 85 psicólogos que já atuam na rede estadual como professores nos programas de formação. "Não temos dinheiro para colocar um psicólogo em cada uma das 5.400 escolas", disse o secretário.

Para o secretário, o maior erro de sua gestão na condução do massacre da Raul Brasil foi, justamente, a demora na contratação de psicólogos para atender à população de Suzano abalada pela violência, que foi estimada em 24 mil pessoas, segundo a prefeitura da cidade. "A burocracia atrapalhou."