Com a crise da Covid-19, não só os sistemas de saúde sofrem com a superlotação e escassez dos insumos. O aumento do número de mortes sobrecarrega o serviço funerário, que sofre com os recordes de óbitos alcançados nas últimas semanas em todo o Brasil.

Imagem ilustrativa da imagem Recorde em número de óbitos pressiona sistema funerário de Londrina
| Foto: IsaacFontana/FramePhoto/FolhaPress

Segundo dados da Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina), Londrina registrou 715 mortes a mais em 2020, com 6.955 óbitos no ano passado e 6.240 em 2019. Mas em 2021, os números avançaram com velocidade. A média de 17 atendimentos por dia em 2019 subiu para 19 em 2020, mas em março de 2021 a autarquia registra a média de 29 óbitos atendidos ao dia, dez a mais que o ano passado, quando já se trabalhava em meio a pandemia.

O superintendente da Acesf, Péricles Deliberador, destaca que a autarquia atende todas as famílias de pessoas que morreram na cidade, como Londrina é um centro de referência em saúde, muitas pessoas de outros municípios e estados acabam passando pelo setor em caso de óbito. “Metade desse número não é de Londrina, são pessoas que passam pelo nosso atendimento, mas são enterradas em outras localidades”, explica.

Ao todo, a autarquia possui 114 profissionais concursados e 13 cemitérios para administrar, sendo oito distritais e cinco na área urbana da cidade. Com o aumento de óbitos por Covid ao dia, o trabalho ficou sobrecarregado. “Nossos funcionários estão fazendo esforço máximo para manter o atendimento, trabalhando mais que o necessário para dar conta do serviço”, menciona. O superintendente conta que entrou com pedido de contrato emergencial de mais quatro trabalhadores, sendo dois plantonistas e dois preparadores. O processo está em andamento.

Não só os recursos humanos foram impactados, a Acesf também precisou aumentar o volume das compras, como as urnas funerárias, por exemplo. “A partir deste ano, teve aumento de 25% a 30% de óbitos pela Covid-19 e todas essas pessoas que falecem em Londrina passam pela Acesf, inclusive, de outras regiões. Por isso, teve aumento na quantidade de produtos, como os caixões, nós tínhamos uso de 400 por mês, hoje fazemos 700, 800”, explica.

Deliberador comenta que por enquanto não encontrou dificuldades na compra dos materiais, mas que não pode prever o que vai acontecer daqui a dois ou três meses no País. “Nós temos estoque suficiente para um mês e estou preparando para não faltar”, afirma.

Na segunda quinzena de março, a Acesf entregou 300 jazigos no Cemitério Jardim da Saudade (Zona Norte) que ficarão disponíveis para locação e mais 140 vagas infantis serão entregues em abril. Outros 270 serão feitos no segundo semestre. “Temos algumas medidas para serem tomadas, lutar por jazigos verticais, usar as vagas dos distritos e trabalhar a questão de conscientização, pessoas que não estão cuidando dos jazigos têm que saber que isso influencia, porque têm outras pessoas precisando”, afirma.

Segundo o superintendente, o trabalho está sendo monitorado de acordo com o movimento da pandemia. “Hoje não há risco de colapso no serviço funerário. Estamos trabalhando dentro da capacidade, temos pessoas suficientes, mas estamos observando, porque o nosso trabalho é reflexo das ocupações dos hospitais, que estão lotados”, menciona. “Nossa situação é complicada, mas nossos funcionários são comprometidos, eles sabem das dificuldades e estão empenhados”, acrescenta.

Não só em volume de trabalho, toda a rotina foi modificada com a pandemia. Além de mais óbitos para atender, o tempo é mais curto, com até duas horas de velório para aqueles que não foram vítimas da Covid-19 e encaminhamento direto para sepultamento para caso suspeitos e confirmados da doença, exigindo agilidade e – ainda mais – sensibilidade de quem atua no serviço funerário.

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