Duas apreensões de cocaína foram realizadas pela Receita Federal no TCP (Terminal de Contêineres de Paranaguá) no Porto de Paranaguá nesta segunda-feira (19). O volume total apreendido foi de quase 265 quilos de cocaína pura, que seriam embarcadas para a Europa. De acordo com o delegado da Receita Federal, Luciano Andrioli, a droga estava acondicionada em dois contêineres.

O primeiro carregamento estava ao redor do motor de um contêiner refrigerado que teria como destino a Holanda. No espaço, foram encontrados 41,5 quilos. Segundo o delegado, atualmente esse é o método que tem se intensificado mais. “Dessa forma eles colocam uma quantidade menor. Antes cada carga possuía de 600 a 800 quilos. Agora eles transportam no máximo 300 quilos. Os traficantes fazem isso para diminuir o risco mesmo. Hoje essa carga nos contêineres refrigerados já corresponde a 50% das ocorrências”, destacou.

A outra carga apreendida foi de 223 quilos da droga em bolsas colocadas em meio a carga lícita. Conforme relato de Andreoli, o carregamento era de peças e máquinas e tinha como destino o porto de Antuérpia, na Bélgica.

“Nessa outra carga os traficantes fazem a abertura rápida do contêiner sem conhecimento do exportador, no que é uma tática conhecida como ‘rip on, rip off’. Geralmente eles depositam de oito a dez bolsas dentro do contêiner, dependendo do espaço disponível. Eles rompem o lacre original da própria empresa armadora e o substituem por um lacre clonado. Esse lacre é uma exigência aduaneira de muitos países e também da seguradora. Mas os traficantes adotam esse artifício de falsificação dos lacres para que no meio do caminho possam abrir e retirar a droga”, explicou.

Esta foi a sexta apreensão realizada este ano no Porto de Paranaguá, totalizando em torno de 650 quilos. “No ano passado foram realizadas 21 operações, totalizando 6.893 quilos de cocaína”, comparou. Ele relatou que a redução do volume de cargas apreendidas não quer dizer que esteja ocorrendo uma diminuição da quantidade de drogas traficada.

“Significa que eles não estão se arriscando tanto de uma só vez. A Receita Federal entende que muitas cargas podem estar passando pela fiscalização e por isso tem intensificado a fiscalização e atuado em parceria com forças do exterior. Temos recebido o retorno de algumas ocorrências flagradas na chegada da carga. A aduana de cada país possui a inteligência dela e nos repassa todas as informações”, apontou.

“A Receita Federal trabalha 24 horas por dia e possui mais de 400 câmeras no terminal em que foram realizadas as apreensões, sem contar em outros terminais. Os entorpecentes apreendidos e as imagens em vídeo desse episódio serão anexadas ao inquérito que será investigado pela Polícia Federal. Também temos um scanner de alta potência para identificar a contaminação dos contêineres e os nossos servidores são especializados na identificação do tráfico de drogas”, garantiu.

A identificação das duas cargas foi realizada com dois métodos diferentes. “Um foi feito com base nas informações do scanner e também levando em conta o destino da carga. O outro carregamento foi identificado pela fiscalização de contêineres de carga refrigerada, já que tem ocorrido muitas ocorrências envolvendo este tipo de carga. Elas estão sendo apuradas com mais cuidado. Fora isso, o contêiner fiscalizado mudou de posição dentro do porto”, destacou. Até agora, ninguém foi preso. Bélgica e Holanda são dois dos destinos mais visados pelos traficantes para o envio de drogas ilícitas a partir do Porto de Paranaguá.

O crime de tráfico de drogas está previsto na lei 11.343/06, artigo 33. O Banco de Monitoramento de Prisões, do Conselho Nacional de Justiça, aponta que o Brasil tem hoje 905.486 pessoas presas e quase um quarto dela estava envolvida com acusações de violação da Lei de Drogas.